Mundo

Manning acusa Washington de mentir sobre Iraque

Ex-analista de inteligência do Iraque publicou neste domingo artigo no jornal The New York Times


	Bradley Manning: artigo publicado no The New York Times
 (Gary Cameron/Files/Reuters)

Bradley Manning: artigo publicado no The New York Times (Gary Cameron/Files/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 15 de junho de 2014 às 14h55.

São Paulo - Chelsea Manning, ex-analista de inteligência no Iraque, preso por ser responsável pela maior divulgação de documentos secretos na história dos Estados Unidos, rompeu o silêncio neste domingo e acusou Washington de continuar mentindo sobre o Iraque.

"Quando o Iraque ingressa em uma guerra civil e os Estados Unidos cogitam novamente intervir, este trabalho inacabado confere nova urgência à pergunta se as Forças Armadas americanas controlam a cobertura mediática do seu envolvimento de longo prazo no Iraque e no Afeganistão", destacou.

Chelsea Manning, antes chamado de Bradley, condenado a 35 anos de prisão por uma corte marcial pela entrega de 700.000 documentos confidenciais, teve um artigo publicado neste domingo pelo The New York Times, com o título "A nebulosa máquina de guerra".

"Acho que os limites atuais da liberdade de imprensa e o grande sigilo do governo impedem que os norte-americanos conheçam plenamente o que acontece nas guerras que financiam", disse o preso.

"Sei que com meus atos violei a lei. Entretanto, as preocupações que me nortearam seguem sem ser superadas", escreve Manning, preso em Fort Leavenworth, Kansas.

Manning, que adotou oficialmente o nome Chelsea e que demanda um tratamento hormonal para mudar de sexo, foi declarado culpado em agosto de 2013 de ter transmitido ao site WikiLeaks centenas de milhares de documentos diplomáticos e militares publicados pelo site.

Depois que o presidente Barack Obama anunciou nesta semana que considera "todas as opções" para impedir o avanço dos jihadistas no Iraque, o ex-analista de inteligência militar protestou contra o acesso limitado dos cidadãos aos fatos, "deixando-os assim sem possibilidades de avaliar a conduta de seus dirigentes".

Em relação à descrição de Washington sobre a eleição de 2010 no Iraque como um "êxito", Manning explica que "aqueles que estavam neste país tinham consciência de uma realidade mais complexa" do que a que apresentavam oficialmente.

"Me chocou a cumplicidade de nossas Forças Armadas com a corrupção da eleição. Contudo, estes detalhes profundamente inquietantes desapareceram dos radares dos meios de comunicação americanos. Como os que tomam decisões no nível mais alto podem afirmar que a opinião pública norte-americana e o Congresso apoiam o conflito quando não disponibilizaram a outra parte da informação?", escreve Manning, que afirma que nunca viu mais de 12 jornalistas dos Estados Unidos trabalhando simultaneamente no Iraque.

Este é seu "primeiro artigo atrás das grades", ressalta Emma Cape, da Rede de Apoio a Manning. Cape opina que Manning tem uma "perspectiva única sobre a questão".

Acompanhe tudo sobre:EspionagemEstados Unidos (EUA)Países ricosWikiLeaks

Mais de Mundo

A hegemonia do dólar deve ser terminada

Milei denuncia 'corridas cambiais' contra seu governo e acusa FMI de ter 'más intenções'

Tiro de raspão causou ferida de 2 cm em orelha de Trump, diz ex-médico da Casa Branca

Trump diz que 'ama Elon Musk' em 1º comício após atentado

Mais na Exame