Policiais e manifestantes pró-democracia em confronto no centro de Hong Kong (Anthony Wallace/AFP)
Da Redação
Publicado em 3 de outubro de 2014 às 18h54.
Hong Kong - Os manifestantes pró-democracia de Hong Kong confrontaram apoiadores do governo chinês no distrito de Mong Kok no início do sábado pelo horário local, um embate tenso que minou as esperanças de conversas para pôr fim a uma semana de tumultos.
Os conflitos começaram no final de sexta-feira e envolveram as pessoas que exigem uma democracia plena na ex-colônia britânica, incluindo um sistema de votação livre quando escolherem um novo líder em 2017, e os moradores que querem o fim das manifestações.
Os manifestantes disseram acreditar que as gangues de criminosos conhecidas como Tríades, cuja base está no densamente povoado Mong Kok, estiveram envolvidos.
A polícia interveio para evitar uma escalada na violência, mas uma multidão turbulenta de cerca de duas mil pessoas ocupou um importante cruzamento nas primeiros horas de sábado, e a atmosfera continuou carregada enquanto policiais usando vestimentas do batalhão de choque tentavam controlá-las.
As passeatas em toda Hong Kong variaram de intensidade desde domingo, quando a polícia usou gás lacrimogêneo, spray de pimenta e cacetetes para tentar apaziguar o tumulto, o pior em Hong Kong desde que a China retomou o controle do território em 1997.
Houve ocasiões em que dezenas de milhares de pessoas se reuniram para bloquear ruas e edifícios em áreas centrais, na prática forçando seu fechamento.
Ativistas estudantis, grupos de protestos bem organizados e cidadãos comuns uniram forças e colocaram Pequim diante de um de seus maiores desafios políticos desde que o governo chinês reprimiu violentamente os protestos pró-democracia na Praça da Paz Celestial em 1989.
Um dos maiores grupos de estudantes por trás do movimento de protesto "Occupy Central" afirmou que irá se retirar das conversas planejadas com o governo de Hong Kong por acreditar que os ataques aos manifestantes em Mong Kok foram realizados em conluio com as autoridades.
“Hoje o governo e a polícia foram coniventes com o ataque das Tríades… contra ocupantes pacíficos, por isso fecharam as portas ao diálogo e devem enfrentar as consequências”, declarou a Federação de Estudantes de Hong Kong em um comunicado enfático.
No dia 31 de agosto, a China decretou que irá selecionar os candidatos que quiserem concorrer ao cargo de executivo-chefe de Hong Kong, e os manifestantes direcionaram sua revolta ao executivo-chefe de Hong Kong, Leung Chun-ying, que é apoiado por Pequim.
No início da semana, Leung rejeitou as exigências dos manifestantes para que renuncie, e ele e seus aliados chineses deixaram claro que não irão ceder.
Entretanto, ele se ofereceu para conversar com líderes do movimento, que abalou a imagem de Hong Kong como centro financeiro estável. Mas, apesar de sua aparente concessão, a China reafirmou sua oposição aos protestos e a uma votação inteiramente livre em Hong Kong.