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Mali manterá fronteira com Guiné aberta apesar de ebola

Uma garota de dois anos viajou da Guiné a Mali e morreu infectada pelo vírus, tendo se transportado todo esse tempo em transporte público, expondo outros


	"A Guiné é vizinha de Mali. Temos uma fronteira compartilhada que não fechamos e não fecharemos", afirmou o presidente a rádio francesa
 (Fabio Conterno/AFP)

"A Guiné é vizinha de Mali. Temos uma fronteira compartilhada que não fechamos e não fecharemos", afirmou o presidente a rádio francesa (Fabio Conterno/AFP)

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Da Redação

Publicado em 25 de outubro de 2014 às 13h30.

Bamako - O Mali não fechará a sua fronteira com a vizinha Guiné depois de uma garota de dois anos infectada com o vírus ebola ter entrado no país com a sua avó e morrido nesta semana, afirmou neste sábado o presidente da nação, Ibrahim Boubacar Keita.

A garota viajou centenas de quilômetros Mali adentro, incluindo uma passagem pela capital, Bamako. Ela transitou todo esse tempo em transporte público, potencialmente expondo muitas pessoas ao vírus, antes de ter morrido na cidade de Kayes, no oeste do país, na sexta-feira.

Keita afirmou que o incidente mostrou que é impossível selar completamente o país do ebola, mas afirmou que permanece calmo, porque o caminho percorrido pela menina e os possíveis contatos já foram rastreados.

"A Guiné é vizinha de Mali. Temos uma fronteira compartilhada que não fechamos e não fecharemos", afirmou o presidente à rádio França RFI.

O Mali, que não tem acesso ao mar, depende dos portos de Senegal, Guiné e Costa do Marfim para importar bens de consumo. Há poucos dados precisos, mas o fechamento de fronteiras de países buscando se proteger da epidemia tiveram um efeito econômico negativo.

Keita afirmou que a avó da menina cometeu um erro ao ir a um funeral em Guiné, onde mais de 900 pessoas morreram pelo ebola, e depois tê-la trazido de volta.

"Estamos pagando diariamente por isso. Mas acho que isso causará mais medo do que qualquer outra coisa. O caso foi rapidamente contido", disse.

Especialistas locais e internacionais estão levando suas equipes para o Mali para ajudar a conter a epidemia no sexto país africano a registrar um caso de ebola neste ano. Senegal e Nigéria contiveram a doença e foram declarados livres do vírus.

Pelo menos 4.922 pessoas morreram de ebola, a maioria em Guiné, Libéria e Serra Leoa, embora os números reais possam ser até três vezes maiores, devido a casos que possam não ter sido reportados.

Mais de 10 mil pessoas foram infectadas pela doença, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), mas especialistas da ONU alertam de que esse número pode crescer exponencialmente nas próximas semanas se a resposta global à doença não se traduzir em ação.   

Diplomatas e especialistas dizem que a garota tinha sintomas de ebola e viajou por quatro dias antes de ser diagnosticada com a doença, no dia 23 de outubro. O ebola é contagioso assim que os sintomas aparecem.

A OMS (Organização Mundial da Saúde) afirmou que 43 contatos com a garota foram identificados e isolados. Mas uma autoridade médica de Mali, que pediu para não ser identificada, disse estimar que pelo menos 300 pessoas tiveram contato com a criança.   

"Faremos o possível para evitar o pânico. Notei que Bamako está calma hoje", concluiu Keita.

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