Mercado no Malaui: presidente Joyce Banda, que substituiu Mutharika em abril de 2012, fez da venda do avião uma prioridade do seu governo (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 5 de setembro de 2013 às 11h36.
Lilongwe - O Malaui planeja usar os 15 milhões de dólares arrecadados com a venda do avião presidencial do país para alimentar mais de 1 milhão de pessoas necessitadas, informou o Tesouro Nacional nesta quinta-feira.
O Malaui irritou doadores ocidentais, que fornecem cerca de 40 por cento do orçamento nacional, quando o falecido presidente Bingu wan Mutharika adquiriu um avião Dassault Falcon 900EX, com 14 lugares, em 2009.
A presidente Joyce Banda, que substituiu Mutharika depois que este morreu de ataque cardíaco, em abril de 2012, fez da venda do avião uma prioridade do seu governo, na esperança de reparar o dano causado pelas desavenças do antecessor com os doadores.
"Os 15 milhões de dólares que recebemos pela venda do avião presidencial serão usados para adquirir milho localmente, a fim de alimentar as massas sofredoras, e parte irá para a produção de legumes", disse Nations Msowoya, porta-voz do Tesouro do Malaui.
Segundo ele, os 15 milhões de dólares representam mais de metade da verba destinada para a compra de milho até o final de março para 1,46 milhão de pessoas cadastradas pelo Comitê de Avaliação da Vulnerabilidade no Malaui, um órgão afiliado à ONU.
A Grã-Bretanha, principal doador para o Malaui, criticou a compra do avião em 2009 e por causa disso reduziu em 3 milhões de libras (4,7 milhões de dólares) a ajuda ao país africano.
Mas Banda, candidata a um novo mandato no ano que vem, tem sido elogiada no Ocidente pelas medidas de austeridade e pelos gestos destinados a estimular a economia.
A presidente já reduziu seu próprio salário em 30 por cento e prometeu vender 35 veículos Mercedes-Benz da frota presidencial.
Por outro lado, a desvalorização da kwacha (moeda local) gerou inflação e elevou o preço dos alimentos nas zonas rurais, afetando a popularidade de Banda.
A venda do avião presidencial para a empresa Bohnox Entreprise, das Ilhas Virgens, foi anunciada em maio. O jato de luxo custava 300 mil por ano ao Malaui em manutenção e seguro, segundo uma fonte oficial.