Maioria dos jornalistas das Américas teme por liberdade
Segundo estudo, 67% deles consideram que a liberdade de imprensa como direito constitucional está ameaçada nos países do continente
Da Redação
Publicado em 15 de outubro de 2012 às 15h08.
São Paulo - Estudo divulgado nesta segunda-feira na 68ª Assembleia Geral da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), que está sendo realizada em São Paulo, diz que 67% dos jornalistas das Américas consideram que a liberdade de imprensa como direito constitucional está ameaçada nos países do continente.
Para o estudo "Liberdade de Imprensa nas Américas" a SIP consultou 101 jornalistas e editores de 12 países do continente e classificou os resultados em dois grandes blocos: América do Sul e América Central/México.
Na América Central e no México, 83% considera que a liberdade de imprensa está ameaçada, enquanto na América do Sul este número é de 54%.
Os países onde os jornalistas mais temem por sua autonomia são Venezuela (82%), Argentina (62%), Cuba e Equador (60%), Bolívia (41%) e México (39%).
Sobre os agentes que significam uma ameaça para a liberdade de imprensa, 36% indicou pressões dos Governos, 28% as sentenças judiciais, 9% assinalou o crime organizado e 7% o poder legislativo.
Ao abordar o problema da violência contra jornalistas e meios de comunicação, 63% considerou que 2012 foi um ano igual ou pior que o anterior, índice que sobe para 83% no caso do bloco América Central-México.
De forma geral, 38% dos entrevistados disseram que nos últimos cinco anos algum jornalista de sua empresa sofreu ameaças ou ataques que até mesmo resultaram em mortes, 32% disse que foi preciso adotar medidas de segurança e 8% afirmou que alguns jornalistas estão sob proteção.
A pesquisa também avaliou a relação dos jornalistas com seus governos: 39% disse que é boa ou excelente, 35% considerou regular e 15% opinou que era ruim ou péssima.
Com relação ao futuro, 49% disse acreditar que a democracia continuará se consolidando no continente e que as ameaças à liberdade de imprensa diminuirão, enquanto 39% admitiu pessimismo em relação ao tema.
O editor do jornal argentino "Clarín", Ricardo Kirschbaum, declarou-se "impressionado" pelo otimismo da metade dos consultados e expôs o caso de seu país, onde "está em disputa o direito constitucional de informar sem pressões nem intimidações".
Kirschbaum disse que na Argentina não ocorre um caso de " censura clássica", mas uma estratégia que procura "disciplinar" os jornalistas com diversos métodos, como "destruir sua reputação apresentando-os como meros reprodutores de interesses empresariais ou pessoais".