Nicolás Maduro: a oposição vê a exigência como um mecanismo de controle social com objetivos políticos (Miraflores Palace/Handout/Reuters)
AFP
Publicado em 26 de julho de 2017 às 10h30.
O governo venezuelano verificará se os beneficiários de seus programas sociais votarão na eleição da Assembleia Constituinte, no próximo domingo, através da apresentação do chamado "carnê da pátria" nas seções eleitorais.
"Carnê da Pátria na mão, todo mundo com seu carnê da pátria e sua identidade. Na porta das seções eleitorais vamos checar todos os carnês, para saber se todos votaram", disse o presidente Nicolás Maduro em um comício pela Constituinte.
Dotado de um "código qr" (similar ao código de barras), que traz informações do usuário, o "carnê da pátria" permite, entre outras coisas, adquirir alimentos subsidiados, em meio ao grave desabastecimento e à inflação galopante no país.
A oposição afirma que a exigência é um mecanismo de controle social com objetivos políticos.
Maduro antecipou que um dos objetivos da Constituinte será incluir o "carnê da pátria" na nova Carta Magna.
Segundo o presidente, 14 milhões de venezuelanos, de uma população total de 30 milhões, possuem o documento.
No dia 6 de julho, Maduro ameaçou os funcionários públicos que não votarem para formar a Constituinte: "se temos 15 mil em uma repartição, devem votar os 15 mil, sem desculpas, empresa por empresa, ministério por ministério, prefeitura por prefeitura".
Segundo analistas, uma alta abstenção diminuiria a legitimidade da Constituinte, diante dos 7,6 milhões de votos que, de acordo com a MUD, obteve o plebiscito simbólico realizado em 16 de julho contra essa iniciativa.
De acordo com o instituto de pesquisas Datanálisis, a Constituinte é rejeitada por mais de 70% da população.