Nicolás Maduro: "Os corruptos que fogem desse país vão para os 'United States' e declaram perseguidos políticos" (Marco Bello/Reuters)
AFP
Publicado em 5 de fevereiro de 2017 às 12h24.
Última atualização em 5 de fevereiro de 2017 às 12h26.
Maracay-- O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, pediu neste sábado, 4, a preparação para as eleições presidenciais de 2018, em um ato que lembrou os 25 anos da tentativa de golpe de Estado comandada pelo líder falecido Hugo Chávez.
Maduro liderou, em um quartel de Maracay, a 80km de Caracas, um desfile militar que lembrou o levante de 4 de fevereiro de 1992, iniciado naquela cidade.
Em seu discurso, o herdeiro político de Chávez acusou a oposição de preparar "novas armadilhas" para desestabilizar seu governo.
"Não percamos tempo com provocações em 2017. Nos vemos em 2018. Preparemo-nos para que a força original que despertou em 4 de fevereiro tenha um encontro com a vitória", expressou Maduro diante do alto comando militar, de soldados e de centenas de partidários.
O oficialismo realizou festejos nas principais cidades do país, que foram exibidos pela TV pública e condenados por líderes opositores.
"Celebram um crime contra a Venezuela", criticou no Twitter o deputado Henry Ramos Allup, ex-presidente do Parlamento, de maioria opositora.
A oposição exige a antecipação das eleições presidenciais - previstas para dezembro de 2018 - como via para resolver a grave crise política e econômica, mas Maduro descarta esta possibilidade.
Na madrugada de 4 de fevereiro de 1992, tanques de guerra entraram no palácio presidencial de Miraflores. Após horas de incerteza, em um breve pronunciamento na TV, Chávez reconheceu o fracasso da tentativa de golpe contra o governo de Carlos Andrés Pérez (1989-1993).
No entanto, o então tenente-coronel pronunciou um "por agora" que se tornou uma meta para vencer as eleições presidenciais de 1998, após receber um indulto em 1994.
Chávez morreu de câncer em 2013.
Vestido de vermelho e exibindo um bracelete com as cores da bandeira venezuelana, como outras autoridades, Maduro afirmou que o movimento "dividiu em duas a história da Venezuela".
O ato de ontem aconteceu no momento em que o governo Maduro é rejeitado por oito em cada 10 venezuelanos, segundo pesquisas. Isto em meio a uma inflação projetada em 1.660% pelo FMI para 2017, e à escassez de alimentos e remédios.
Os atos do oficialismo começaram à meia-noite de sexta-feira, com fogos de artifício disparados do Quartel de la Montaña, em Caracas, onde fica o túmulo de Chávez.
Mas também houve mobilização de opositores. Um grupo liderado pela ex-deputada María Corina Machado protestou em frente a uma base aérea militar na capital.
"É um dia de luto para todos os venezuelanos", lamentou.