Macron acelera consultas para nomear novo primeiro-ministro na França
País está há dois meses sem ninguém no cargo; em junho, presidente adiantou eleições legislativas
Agência de notícias
Publicado em 3 de setembro de 2024 às 08h01.
O presidente francês, Emmanuel Macron, emendou, na segunda-feira, 2, reuniões para tentar nomear um novo primeiro-ministro naFrança, sem descartar uma personalidade independente dos partidos, para acabar com quase dois meses de bloqueio político.
Macron iniciou conversas no Palácio do Eliseu, sede da Presidência, com o ex-primeiro-ministro socialista Bernard Cazeneuve (2016-2017), cujo nome foi amplamente mencionado durante o fim de semana, para retomar as rédeas do governo.
O presidente de centro-direita também se reuniu com os seus antecessores: o socialista e atual deputado François Hollande e o conservador Nicolas Sarkozy.
Quem são os nomes cogitados
Em uma entrevista ao jornal Le Figaro,Sarkozy pediu na sexta-feira a Macron que nomeasse um primeiro-ministro de direitae expressou seu apoio ao presidente regional Xavier Bertrand, que também deverá se reunir com o presidente.
Bertrand, de 59 anos, é membro do partido de oposição de direita Os Republicanos (LR) e presidente de uma região do norte da França. O político não escondeu o interesse pelo cargo.
"A ideia geral é ver se as hipóteses de Cazeneuve e Bertrand são viáveis do ponto de vista do critério de estabilidade", disse uma fonte próxima ao presidente, que acrescentou que poderia haver outros nomes.
Na segunda-feira, também circulou o nome do presidente do órgão consultivo do Conselho Econômico, Social e Ambiental (Cese), Thierry Beaudet, cujo perfil é menos político.
Macron também recebeu o centrista François Bayrou e o primeiro-ministro em fim de mandato, Gabriel Attal.
O presidente francês iniciou em 23 de agosto as consultas para nomear um primeiro-ministro e estabeleceu como critério que seja alguém que não caia rapidamente em uma moção de censura em uma Assembleia Nacional (Câmara baixa ) dividida.
Eleições antecipadas
As eleições legislativas antecipadas, que Macron convocou em junho três anos antes do previsto, deixaram uma Assembleia com três blocos distantes da maioria absoluta: esquerda, centro-direita e extrema direita.
A coalizão de esquerdaNova Frente Popular (NPF), a primeira força nas eleições, solicitou a nomeação da economista Lucie Castets, mas o presidente rejeitou, alegando que ela seria rapidamente censurada.
Um eventual governo de Cazeneuve também não tem estabilidade garantida, devido à recusa de integrantes de seu partido a apoiá-lo, o que o deixaria à mercê da abstenção da extrema direita.
Bertrand enfrenta a rejeição do LR, ao qual retornou em 2021, por aliar-se ao governo.
O tempo se esgota. O futuro governo deve apresentar os orçamentos para 2025 ao Parlamento antes de 1º de outubro e Macron não pode dissolver novamente a Assembleia até julho do ano que vem.