Mundo

Lugo denuncia "golpe de Estado expresso" no Paraguai

Presidente paraguaio também advertiu que existem indícios "claros" de que o pré-candidato presidencial do Partido Colorado, Horacio Cartes, está por trás desse processo

Presidente do Paraguai, Fernando Lugo: para ele, começou um "julgamento político" que "não tem nenhum argumento válido" (Jorge Adorno/Reuters)

Presidente do Paraguai, Fernando Lugo: para ele, começou um "julgamento político" que "não tem nenhum argumento válido" (Jorge Adorno/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 22 de junho de 2012 às 10h04.

Caracas - O presidente do Paraguai, Fernando Lugo, denunciou nesta quinta-feira que enfrenta um "golpe de Estado expresso" em seu país, onde o Congresso acordou iniciar um "julgamento político" que, segundo o líder, "não tem nenhum argumento válido".

Lugo declarou à cadeia internacional Telesur, com sede em Caracas, que está sendo vítima de "um golpe de Estado expresso, porque o fizeram entre a noite e a madrugada".

"Nós dizemos que é até anticonstitucional, porque não se respeita o devido processo", acrescentou o governante, antes de confirmar que às 12h (horário local) comparecerá ao Legislativo.

Lugo indicou que "se uniram hoje (quinta-feira) as forças mais conservadoras do país para pedir o julgamento político sem nenhum argumento válido".

O presidente disse esperar que nesta sexta-feira "reine a racionalidade" entre os parlamentares e ele possa sair "arejado deste julgamento político injusto".

Lugo também advertiu que existem indícios "claros" de que o pré-candidato presidencial do Partido Colorado, Horacio Cartes, está por trás desse processo. Segundo ele, Cartes "sabe que sua candidatura não está crescendo" e estaria usando a tática de eliminar seus concorrentes.

O governante também assinalou como responsáveis pela crise os que "não desejam a mudança no Paraguai e os que acham que é preciso eliminar este processo democrático iniciado em 2008".

A Câmara dos Deputados do Paraguai promoveu nesta quinta-feira, em apenas cinco horas e por arrasadora maioria, um 'julgamento político', no que o Senado se constituiu em 'tribunal' e fixou um calendário de processo que terminará nesta sexta-feira, às 16h30 locais (17h30 de Brasília), com a sentença de Lugo.

Durante a tarde, os cinco deputados designados como 'promotores' expuseram suas razões para a destituição do presidente, citando entre elas os 17 mortos durante o choque armado entre policiais e camponeses na fazenda de Curuguaty, no último dia 15.

Um ato político de seus aliados esquerdistas em uma instalação militar em maio de 2009, a onda de insegurança no Paraguai e o apoio à aprovação do Protocolo de Ushuaia foram os outros fundamentos para pedir a saída do presidente.


Uma delegação de oito chanceleres da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) viajou a Assunção para se reunir com Lugo.

O secretário-geral da Unasul, Alí Rodríguez, informou que a delegação de chanceleres do bloco se reunirá com diferentes representantes políticos em busca de uma 'saída' à crise.

Em entrevista coletiva após o encontro dos chanceleres com Lugo, em sua residência, Rodríguez destacou que "o que ocorrer no Paraguai não se limitará às fronteiras paraguaias, afetando o conjunto da Unasul".

Rodríguez evitou responder se a Unasul reconhecerá o vice-presidente Federico Franco como líder paraguaio se Lugo for destituído no "julgamento político" desta sexta-feira.

A preocupação da Unasul, disse, é "o exercício legítimo da democracia" e, dentro dela, "a reta administração da Justiça", para o que é 'indispensável que se respeite o devido processo, o que compreende o tempo necessário para que o acusado possa exercer seu direito à defesa".

Acompanhe tudo sobre:América LatinaGovernoJustiçaParaguaiProcessos judiciais

Mais de Mundo

Câmara dos EUA evita paralisação do governo com aprovação de pacote emergencial de financiamento

Maduro propõe reforma constitucional para reforçar controle político na Venezuela

Atropelamento em feira de Natal na Alemanha mata duas pessoas e caso é investigado como terrorismo

Portugal aprova lei que facilita pedido de residência para brasileiros