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Líderes de gangues no Haiti exigem a renúncia do primeiro-ministro após fuga em massa de detentos

Grupos armados atacaram locais estratégicos da capital, alegando que pretendem derrubar o governo de Ariel Henry, no poder desde 2021

Premier do Haiti, Ariel Henry, discursa na ONU (Spencer Platt/Getty Images)
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 4 de março de 2024 às 15h45.

Líderes de gangues no Haiti estão exigindo a renúncia do primeiro-ministro, Ariel Henry, após o governo haitiano declarar estado de emergência no país, um dia depois que gangues armadas invadiram uma penitenciária e permitiram a fuga de cerca de 3.700 presos, deixando ao menos 12 mortos.

As gangues estão atacando locais estratégicos da capital, Porto Príncipe, desde quinta-feira, alegando que pretendiam derrubar o governo do polêmico primeiro-ministro, que deveria ter deixado o cargo em 7 de fevereiro.

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O líder da gangue, Jimmy Chérizier, também conhecido como "Barbecue", declarou um ataque coordenado para removê-lo, informou a BBC.

— Todos nós, os grupos armados nas cidades provinciais e os grupos armados na capital, estamos unidos — disse o ex-policial, acusado de estar por trás de vários massacres na capital haitiana.

O estado de emergência e o toque de recolher foram planejados para durar até quarta-feira, mas poderão ser prolongados. Quem assinou o decreto foi o ministro da Economia, Patrick Michel Boisvert, primeiro-ministro em exercício na ausência de Henry.

O premier, por sua vez, estava em Nairóbi, no Quênia, para assinar um acordo para o envio de policiais do país africano como parte de uma missão apoiada pela ONU para ajudar a restabelecer a ordem no país caribenho, muito afetado pelas ações das gangues. Não se sabe, contudo, se Henry retornou do Quênia após as ocorrências do fim de semana.

Pelo menos uma dezena de pessoas morreram depois que os grupos criminosos atacaram, na noite de sábado, a Penitenciária Nacional de Porto Príncipe e provocaram a fuga dos detentos — incluindo suspeitos acusados de envolvimento no assassinato do então presidente Jovenel Moïse em 2021, num caso até hoje não solucionado. Desde então, Moïse não foi substituído, com Henry ocupando o cargo interinamente, e eleições presidenciais não são realizadas desde 2016.

Após o ataque de sábado, o governo denunciou a "selvageria de criminosos fortemente armados que queriam a todo custo libertar pessoas detidas, principalmente por sequestro, assassinato e outros crimes graves".

— Foram contabilizados muitos corpos de detentos — declarou no domingo o diretor executivo da ONG Rede Nacional de Defesa dos Direitos Humanos ( RNDDH ), Pierre Espérance.

Ele informou, ainda, que apenas uma centena de presos permaneciam na unidade — que antes do ataque abrigava cerca de 3.800 detentos — por medo de serem mortos no fogo cruzado, incluindo ex-soldados colombianos presos pelo assassinato de Moïse.

O país caribenho enfrenta uma grave crise política, humanitária e de segurança desde o assassinato de Moïse, há quase três anos. As forças de segurança estão sobrecarregadas pela violência das gangues, que assumiram o controle de áreas inteiras do país, incluindo a capital. Apenas em janeiro, cerca de 1,1 mil pessoas foram mortas, feridas ou sequestradas, e as Nações Unidas classificaram o período como "o mais violento em dois anos".

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