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STF avaliará relatório sobre irregularidades identificadas em câmeras corporais de policiais no Rio

Documento produzido pela Defensoria Pública revela torturas, maus tratos sofridos por custodiados e até retirada dos equipamentos pelos agentes durante as abordagens

Câmeras de vigilância serão acopladas no uniforme das forças policiais do Estado do Rio (Arquivo)

Câmeras de vigilância serão acopladas no uniforme das forças policiais do Estado do Rio (Arquivo)

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 4 de março de 2024 às 19h23.

O relatório da Defensoria Pública do Rio sobre as filmagens das câmeras de segurança nos uniformes de policiais foi enviado ao Supremo Tribunal Federal, na última quinta-feira.

O documento, que reúne descumprimentos e violações de policiais em abordagens de rotina, foi anexado ao processo conhecido como "ADPF das Favelas", cujo relator é o ministro Edson Fachin, que irá analisar o material.

Na petição enviada ao STF, o Partido Socialista Brasileiro (PSB), responsável pela ADPF das Favelas, cita o relatório da Defensoria e expõe ser "quase impossível ter acesso adequado às imagens captadas pelas câmeras corporais" dos agentes. Há também a lembrança de outro documento sobre as gravações, feito em 5 de junho de 2023, quando uma série de solicitações foi feita sobre os equipamentos, que já apresentavam mau uso e irregularidades.

Para a produção do atual relatório, a Defensoria Pública enviou 215 ofícios à Polícia Militar solicitando gravações das câmeras de segurança acopladas aos uniformes de policiais. Todos se referem a fatos registrados em delegacia, que denunciavam tortura e maus tratos no momento da prisão ou na audiência de custódia. Do total, 96 pedidos não foram sequer respondidos (44%), e 57 receberam respostas negativas por "inexistência de imagens", entre os motivos, a Polícia Militar justificou:

  1. Os policiais indicados não tiveram registro de retirada de Câmera Operacional nos dias indicados nos documentos ou;
  2. As câmeras descarregaram no momento da abordagem ou ainda;
  3. Não houve a implementação das COPs (câmeras) no batalhão informado ou;
  4. Os agentes estavam prestando serviço ao Programa Segurança Presente ou;
  5. A solicitação chegou após 60 dias ou mais da data da geração das imagens solicitadas, ou;
  6. As imagens não foram encontradas na rede;
  7. As imagens foram perdidas ou;
  8. Houve falha nas gravações ou;
  9. Os policiais não utilizaram as câmeras no horário solicitado

Das 56 respostas enviadas à Defensoria, apenas 32 mostravam as abordagens por completo. Delas, apenas uma foi avaliada como "exemplar" pela Defensoria, que pontuou a conduta do agente como respeitosa em relação ao custodiado e a família dele.

Cinco casos foram descritos como "mau uso da câmera operacional". Os agentes "obstruíram a COP (câmera), a desacoplaram de seus respectivos uniformes e/ou, até mesmo, posicionaram a câmera de forma inadequada durante a abordagem".

Outros quatro casos foram classificados como "violência injustificável". Uma gravação, por exemplo, mostra o momento em que dois policiais militares, em uma viatura, observam um homem caminhando na calçada e param para abordá-lo. O suspeito não oferece resistência e se rende imediatamente, sendo encostado na parede pelos agentes, que começam a revista. Um deles desfere tapas no pescoço e no peito do custodiado sem motivo. Apesar de não encontrarem nada na revista, os policiais algemam o homem e o levam até a viatura, onde ambos removem as câmeras e ficam, por cerca de 1h30, sem o monitoramento.

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