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Liderança diz que revolução egípcia voltou à estaca zero

Com Mubarak agora livre da cadeia, Ahmed Maher considera que a revolução pode precisar de uma nova geração para voltar a prevalecer

Apoiadores do presidente egípcio Mohamed Mursi jogam pedras na tropa de choque da polícia durante confronto na praça Rabaa Adawiya, em Cairo (Asmaa Waguih/Reuters)
DR

Da Redação

Publicado em 23 de agosto de 2013 às 18h14.

Cairo - O movimento 6 de Abril, de Ahmed Maher, ajudou a liderar o levante que derrubou Hosni Mubarak em 2011. Com Mubarak agora livre da cadeia, o ativista considera que a revolução voltou à estaca zero, e pode precisar de uma nova geração para voltar a prevalecer.

Depois da semana mais violenta na história moderna do Egito , Maher teme as consequências do ódio que dividiu o país em dois campos rivais: o Estado liderado pelas Forças Armadas e seus simpatizantes e os islamistas que os militares retiraram do poder em 3 de julho.

"Nosso problema é que há uma onda de loucura. As pessoas dizem a você: ‘Temos que erradicá-los'", afirmou Maher, dizendo que tais atitudes surgiram em ambos os lados. "Precisa haver uma terceira voz".

A avaliação de um dos ativistas mais conhecidos do Egito destaca o sombrio futuro para o país, cujo levante em 25 de janeiro de 2011 inspirou revoltas pró-democracia em todo o mundo árabe.

Maher, de 32 anos, diz que agora pode levar outra geração até que os objetivos da revolução --liberdade, justiça social e dignidade-- sejam garantidos.

Ele concedeu a entrevista em um escritório em ruínas no Cairo, onde as paredes estavam cobertas de adesivos testemunhando o ativismo contínuo desde 2011: as campanhas primeiro contra os generais que substituíram Mubarak, e depois contra o governo eleito liderado pela Irmandade Muçulmana.

O próprio trabalho de protestar está se tornando uma vítima da violência: o 6 de Abril cancelou um comício na sexta-feira contra a libertação de Mubarak, temendo que pudesse provocar violência.


"Nós nos vemos de volta à estaca zero, porque o que está acontecendo agora pode ser mais perigoso, mais complicado do que havia antes de 25 de janeiro de 2011", disse Maher.

"Não entendemos completamente o que está acontecendo no novo regime", disse. "Há temores da volta ao antigo regime, sua gente e métodos. Também há grupos armados radicais e extremistas".

O 6 de Abril foi um dos movimentos juvenis que lideraram os egípcios durante o levante de 18 dias que terminou quando o Exército afastou Mubarak do poder, em 11 de fevereiro de 2011.

Mas, como a maioria dos grupos seculares, não conseguiu deixar uma marca política quando Mubarak foi derrubado -- um fracasso que ajudou os islamistas a vencerem eleição após eleição, culminando com a votação presidencial do ano passado que levou Mohamed Mursi ao poder.

O movimento apoiou Mursi naquela eleição, mas depois colocou sua rede ativista nacional contra ele, repetindo críticas de que a Irmandade Muçulmana buscava consolidar o poder mesmo quando não era bem-sucedida no governo.

A militância reuniu 2 milhões de assinaturas para uma campanha que ajudou a mobilizar protestos contra Mursi.

"Quando os militares subiram ao poder depois de 25 de janeiro, a alternativa era a Irmandade. Aí a Irmandade veio, e a alternativa eram os militares", disse. "O problema foi essa equação de dois lados desde o início. Deve haver uma alternativa".

"Novo Egito" Algum Dia

A Irmandade enfrenta no momento uma das piores repressões em seus 85 anos de história.


Desde a queda de Mursi, as forças de segurança egípcias mataram ao menos 1.000 apoiadores do movimento islâmico, a maioria na semana passada, quando a polícia usou a força contra dois acampamentos de protesto montados pela Irmandade no Cairo.

Cerca de 100 soldados e policiais também foram mortos no conflito, que suscitou temores de uma insurreição armada dos islamistas, apesar de a Irmandade seguir repudiando a violência. A polícia está prendendo líderes e seguidores da Irmandade Muçulmana por todo o país. A mídia estatal diz que o Egito está combatendo o terrorismo.

Maher disse que o ódio público à Irmandade está tão difundido que ficou difícil para os ativistas falar sobre tendências preocupantes, como a declaração de um estado de emergência.

"Todo mundo está voltado para a ideia da 'guerra contra o terror', e se há violações, estão sendo ignoradas", disse.

A libertação de Mubarak na quinta-feira foi uma vitória simbólica para os adeptos do autocrata veterano. Embora ele esteja sendo julgado novamente pelo assassinato de manifestantes na revolta de 2011, não há mais qualquer base legal para sua detenção.

"Naturalmente há temores, especialmente após a libertação de Mubarak", disse Maher. "Mas como uma revolução, sabíamos no início que poderia haver muitos contratempos ... Estávamos à espera de dificuldades. Mas ninguém pensou que seria tão complicado." "Eu deveria estar deprimido, e estou deprimido, mas ainda tenho esperança, mesmo com essas complicações, a violência, estes temores. Ainda tenho confiança de que um dia vamos ver um novo Egito", disse ele. "Minha geração não poderá ver essas mudanças. Poderíamos estar abrindo o caminho para a nova geração ver essas mudanças."

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Depois da semana mais violenta na história moderna do Egito , Maher teme as consequências do ódio que dividiu o país em dois campos rivais: o Estado liderado pelas Forças Armadas e seus simpatizantes e os islamistas que os militares retiraram do poder em 3 de julho.

"Nosso problema é que há uma onda de loucura. As pessoas dizem a você: ‘Temos que erradicá-los'", afirmou Maher, dizendo que tais atitudes surgiram em ambos os lados. "Precisa haver uma terceira voz".

A avaliação de um dos ativistas mais conhecidos do Egito destaca o sombrio futuro para o país, cujo levante em 25 de janeiro de 2011 inspirou revoltas pró-democracia em todo o mundo árabe.

Maher, de 32 anos, diz que agora pode levar outra geração até que os objetivos da revolução --liberdade, justiça social e dignidade-- sejam garantidos.

Ele concedeu a entrevista em um escritório em ruínas no Cairo, onde as paredes estavam cobertas de adesivos testemunhando o ativismo contínuo desde 2011: as campanhas primeiro contra os generais que substituíram Mubarak, e depois contra o governo eleito liderado pela Irmandade Muçulmana.

O próprio trabalho de protestar está se tornando uma vítima da violência: o 6 de Abril cancelou um comício na sexta-feira contra a libertação de Mubarak, temendo que pudesse provocar violência.


"Nós nos vemos de volta à estaca zero, porque o que está acontecendo agora pode ser mais perigoso, mais complicado do que havia antes de 25 de janeiro de 2011", disse Maher.

"Não entendemos completamente o que está acontecendo no novo regime", disse. "Há temores da volta ao antigo regime, sua gente e métodos. Também há grupos armados radicais e extremistas".

O 6 de Abril foi um dos movimentos juvenis que lideraram os egípcios durante o levante de 18 dias que terminou quando o Exército afastou Mubarak do poder, em 11 de fevereiro de 2011.

Mas, como a maioria dos grupos seculares, não conseguiu deixar uma marca política quando Mubarak foi derrubado -- um fracasso que ajudou os islamistas a vencerem eleição após eleição, culminando com a votação presidencial do ano passado que levou Mohamed Mursi ao poder.

O movimento apoiou Mursi naquela eleição, mas depois colocou sua rede ativista nacional contra ele, repetindo críticas de que a Irmandade Muçulmana buscava consolidar o poder mesmo quando não era bem-sucedida no governo.

A militância reuniu 2 milhões de assinaturas para uma campanha que ajudou a mobilizar protestos contra Mursi.

"Quando os militares subiram ao poder depois de 25 de janeiro, a alternativa era a Irmandade. Aí a Irmandade veio, e a alternativa eram os militares", disse. "O problema foi essa equação de dois lados desde o início. Deve haver uma alternativa".

"Novo Egito" Algum Dia

A Irmandade enfrenta no momento uma das piores repressões em seus 85 anos de história.


Desde a queda de Mursi, as forças de segurança egípcias mataram ao menos 1.000 apoiadores do movimento islâmico, a maioria na semana passada, quando a polícia usou a força contra dois acampamentos de protesto montados pela Irmandade no Cairo.

Cerca de 100 soldados e policiais também foram mortos no conflito, que suscitou temores de uma insurreição armada dos islamistas, apesar de a Irmandade seguir repudiando a violência. A polícia está prendendo líderes e seguidores da Irmandade Muçulmana por todo o país. A mídia estatal diz que o Egito está combatendo o terrorismo.

Maher disse que o ódio público à Irmandade está tão difundido que ficou difícil para os ativistas falar sobre tendências preocupantes, como a declaração de um estado de emergência.

"Todo mundo está voltado para a ideia da 'guerra contra o terror', e se há violações, estão sendo ignoradas", disse.

A libertação de Mubarak na quinta-feira foi uma vitória simbólica para os adeptos do autocrata veterano. Embora ele esteja sendo julgado novamente pelo assassinato de manifestantes na revolta de 2011, não há mais qualquer base legal para sua detenção.

"Naturalmente há temores, especialmente após a libertação de Mubarak", disse Maher. "Mas como uma revolução, sabíamos no início que poderia haver muitos contratempos ... Estávamos à espera de dificuldades. Mas ninguém pensou que seria tão complicado." "Eu deveria estar deprimido, e estou deprimido, mas ainda tenho esperança, mesmo com essas complicações, a violência, estes temores. Ainda tenho confiança de que um dia vamos ver um novo Egito", disse ele. "Minha geração não poderá ver essas mudanças. Poderíamos estar abrindo o caminho para a nova geração ver essas mudanças."

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