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Líder da Costa do Marfim exige saída de tropas da ONU do país

Presidente Laurent Gbabo afirma que vai continuar no poder, apesar da rejeição internacional

Ban Ki-moon afirmou que as tentativas de Gbabgo de se manter no poder "não podem ser permitidas" (Daniel Berehulak/Getty Images)

Ban Ki-moon afirmou que as tentativas de Gbabgo de se manter no poder "não podem ser permitidas" (Daniel Berehulak/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 18 de dezembro de 2010 às 15h27.

Abidjan - O governante da Costa do Marfim, Laurent Gbagbo, que pretende seguir na Presidência do país apesar da rejeição internacional, exigiu neste sábado a saída das tropas da Operação da ONU na Costa do Marfim (Onuci) e os soldados franceses, e acusou os ex-rebeldes das Forças Novas pelo conflito local.

Em comunicado lido na radiotelevisão marfinense "RTI", a ministra de Educação do Governo de Gbagbo, Jacqueline Lohoues Oble, lamenta um choque entre militares marfinenses e milicianos das Forças Novas - antiga milícia rebelde, que apoia Ouattara -, o primeiro do qual se informa desde o fim da guerra civil no país em 2007.

A nota reivindica a saída imediata da Onuci e das forças francesas do território marfinense. Segundo o texto, "isso implica que o Governo marfinense se opõe à renovação desta operação (da ONU), que expira em 20 de dezembro de 2010".

Oble acusou a Onuci de parcialidade e de fornecer armas aos ex-rebeldes das Forças Novas, que, segundo ela, atacaram na quinta-feira passada as Forças Armadas marfinenses na localidade de Tiebissou, a cerca de 50 quilômetros de Yamoussoukro, capital administrativa da Costa do Marfim.

As Forças Novas - em declarações divulgadas em Bouaké, onde fica o principal reduto delas - reconheceram o enfrentamento e a ocorrência de mortes, mas não deram detalhes, o que aumenta os temores sobre o reatamento da guerra civil que dividiu o país entre 2002 e 2007.

A mensagem de Gbagbo ocorre pouco depois de um de seus principais partidários, Charles Blé Goudé, líder do grupo Jovens Patriotas, acusado pela ONU de graves violações dos direitos humanos na guerra civil, pedir a seus seguidores que se preparem para lutar contra Alassane Ouattara, reconhecido pela comunidade internacional como presidente eleito da Costa de Marfim.


Gbagbo, que em 28 de novembro sofreu uma derrota eleitoral para Ouattara no segundo turno das eleições presidenciais marfinenses, segundo os resultados divulgados pela Comissão Eleitoral Independente (CEI), já não é reconhecido nem pela ONU nem pela França como chefe de Estado. Por isso, seu pedido não seria efetivo.

Nesta sexta-feira, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, afirmou que as tentativas de Gbabgo de se manter no poder "não podem ser permitidas". Ele também advertiu que "qualquer tentativa de obstruir as operações da ONU ou de bloquear o Hotel Golfe (onde Ouattara estabeleceu o escritório do novo Governo) são totalmente inaceitáveis".

O presidente francês, Nicolas Sarkozy, após uma cúpula da União Europeia realizada nesta sexta-feira, ameaçou: "Se Gbagbo e sua mulher antes do fim de semana não deixaram o posto que ocupam transgredindo a vontade do povo marfinense, estarão na lista de sanções".

"Estão obstruindo o processo de paz e reconciliação nacional" na Costa do Marfim, acrescentou Sarkozy, quem lembrou que "houve eleições sob o controle da ONU" e que "os países africanos e europeus reconheceram o presidente Ouattara como democraticamente eleito".

A Onuci tem cerca de 8 mil soldados na Costa do Marfim, que separam as Forças Armadas e de Segurança, que controlam o sul, das Forças Novas, lideradas pelo agora primeiro-ministro de Ouattara, Guillaume Soro, que não se desarmaram após os cinco anos de guerra civil e controlam parte do centro e do norte do país. Além disso, a França tem 900 militares mobilizados na Costa do Marfim, que apoiam os Capacetes Azuis.

Após as recentes ameaças dos militares marfinenses, que respaldam Gbagbo, contra Ouattara e a ONU, especialmente contra o representante da organização na Costa do Marfim, Choi Young-jin, os Capacetes Azuis aumentaram para 800 o número de soldados de proteção do Hotel Golfe, também defendido pelas Forças Novas. Neste sábado, Abidjan permanecia deserta, numa calmaria carregada de tensão, após as declarações hostis dos partidários de Gbagbo.

A tensão e o medo do eventual retorno da guerra civil se agravaram na quinta-feira passada, quando pelo menos 30 manifestantes partidários de Ouattara e dois milicianos das Forças Novas acabaram morrendo por disparos dos militares, segundo números divulgados no Hotel Golfe. Por sua vez, o Governo de Gbagbo destacou que houve 20 mortes na quinta-feira passada - dez manifestantes partidários de Ouattara e dez membros das forças de segurança de Gbagbo.

Em dois comunicados divulgados após os fatos de quinta-feira, a Anistia Internacional (AI) acusa as forças de segurança marfinenses de disparar a curta distância contra pessoas indefesas durante as manifestações de dois dias atrás em favor de Ouattara e de impedir o atendimento de emergência aos feridos. Em suas notas, a AI ressalta que os policiais responsáveis por essas ações "devem prestar contas" perante a Justiça.

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