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Líbios expressam desejo de um país livre e democrático na era pós-Kadafi

Em praça, moradores de Trípoli comemoram morte do ex-ditador

Líbias celebram nas ruas de Trípoli a notícia da morte de Kadafi (Marco Longari/AFP)

Líbias celebram nas ruas de Trípoli a notícia da morte de Kadafi (Marco Longari/AFP)

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Da Redação

Publicado em 21 de outubro de 2011 às 17h52.

Trípoli/Misrata, Líbia - Após a morte do ex-ditador Muammar Kadafi nesta quinta-feira, que continua dando o que falar na imprensa internacional, os líbios manifestam o desejo de que o país avance rumo à liberdade e à democracia.

"Espero democracia, total liberdade e segurança", diz à Agência Efe em Trípoli o servidor público líbio Hussein Abdel Mahyabi, acompanhado de seu filho. Ele afirma que, no momento, já estava muito feliz em comemorar "a morte do ditador".

A jovem Amal al-Gumati, técnica especialista em aparelhos médicos, mostrou-se convencida de que, no novo sistema político, as mulheres obterão seus direitos. "Nós conseguiremos nossos direitos, não será preciso que nos concedam", ressalta ela, na Praça dos Mártires de Trípoli, antiga Praça Verde.

Amal comenta que "o ditador" teve durante 42 anos a oportunidade de fazer algo bom, mas não fez. Para ela, agora era o momento de tirar proveito de todas as riquezas e potencialidades da Líbia.


"Tivemos a mesma lição durante 40 anos, e a aprendemos", declara Amira, irmã de Amal, com quem se aproximou à praça onde os habitantes de Trípoli se aglomeravam desde as primeiras horas da tarde para continuar a comemoração do fim de Kadafi, que morreu nesta quinta-feira numa ofensiva das forças revolucionárias.

Dois milicianos armados de 22 anos, Abdel Majid e Hail Bakush, observam com otimismo os novos rumos políticos do país, mas ainda não têm claro que farão nesse futuro.

"Se o Exército estiver bem e nos oferecer uma boa oportunidade, iremos nos alistar", diz Abdel Majid. Antes de se unir à luta armada em Zawia, sua terra natal, e depois em Trípoli, ele trabalhou em vários estabelecimentos comerciais, da mesma forma que seu companheiro de armas.

Para este sábado, é esperado que o presidente do Conselho Nacional de Transição (CNT), Mustafa Abdel Jalil, anuncie oficialmente em Benghazi a libertação do país, o que significará o ponto de partida para uma complexa transição política.


Aisha Kadafi, filha do ex-ditador, que em agosto se refugiou na Argélia junto à mãe, Safia, e aos irmãos Hannibal e Mohammed, ligou para o telefone via satélite de seu pai e um revolucionário atendeu e comunicou a morte do ex-líder.

Fontes revolucionárias na cidade de Misrata - para onde foi levado o corpo de Kadafi, capturado em Sirte - indicaram à Efe que o cadáver do ex-ditador, o de seu filho Mutassim e o do ex-ministro da Defesa Abu-Bakr Yunis Jabr, ainda estavam nesta manhã em um lugar de Misrata mantido em segredo.

As fontes explicaram que um representante da Procuradoria líbia tinha recebido nesta quinta-feira mostras dos corpos de Kadafi e Mutassim para realizar exames de DNA, mas que as autoridades do novo regime se negaram a entregar os cadáveres.

Desde quinta-feira à noite, a cidade e as periferias de Misrata estão protegidas por medidas de segurança excepcionais. O acesso ao local está proibido para qualquer pessoa que não estiver munida de um salvo-conduto emitido pelo conselho militar local.


O Tribunal Penal Internacional (TPI) espera receber "provas suficientes" que confirmem a morte de Kadafi, para assim poder estudar a possibilidade de arquivar o caso contra o ex-ditador.

O momento também é determinante para a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), encarregada da missão militar ocidental na Líbia. O comandante supremo do organismo na Europa, James Stavridis, parece convencido da morte do ex-líder e disse que vai propor o fim das operações na Líbia, que foram determinantes para barrar o avanço das tropas pró-Kadafi.

Aparentemente, segundo diversos relatos, Kadafi tentou fugir em um comboio de Sirte, onde há mais de um mês era alvo das tropas revolucionárias. Ele teria sido atacado por aviões da Otan.

De acordo com a versão do ministro da Defesa francês, Gérard Longuet, após ser atacada, a caravana se separou, momento em que os revolucionários intervieram e capturaram o ex-ditador. No entanto, segundo outras versões, Kadafi foi encontrado em uma rede de esgoto ou em um cativeiro.


Entre seus pertences, além do telefone via satélite, ele estaria munido de uma pistola de ouro.

Fortes imagens divulgadas nesta quinta-feira pela emissora árabe "Al Jazeera" mostravam Kadafi ainda vivo, ferido, desorientado e segurado pelos revolucionários.

As causas de sua morte ainda não foram totalmente esclarecidas. Uns dizem que ele morreu durante um tiroteio entre forças pró-Kadafi e tropas do novo regime após ser detido; outros afirmam que foi baleado no peito por um de seus homens. Também há quem diga que foi assassinado pelos próprios milicianos que o protegiam.

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