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Lars Von Trier pede desculpa por citação de Hitler

"Não sou antissemita ou racista de qualquer maneira, e muito menos nazista" disse o cineasta

A declaração de Lars Von Trier durante coletiva causou polêmica (Francois Guillot/AFP)

A declaração de Lars Von Trier durante coletiva causou polêmica (Francois Guillot/AFP)

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Da Redação

Publicado em 18 de maio de 2011 às 14h59.

Cannes, França - O diretor dinamarquês Lars von Trier se desculpou esta quarta-feira, após afirmar no Festival de Cannes que sentia "um pouco" de empatia por Adolf Hitler, chocando a estrela do longa, Kirsten Dunst.

Von Trier, um provocador contumaz, afirmou que entendia o líder nazista durante a entrevista coletiva que se seguiu à bem sucedida exibição de seu apocalíptico novo filme "Melancholia".

"Eu realmente queria ser um judeu e então descobri que, na verdade, eu era um nazista porque minha família era alemã, Hartmann, o que também me deu um certo prazer", afirmou, com sorriso nos lábios, quando perguntado por sua ascendência alemã.

"Eu entendo Hitler. Eu acho que ele fez algumas coisas erradas, totalmente na verdade, mas eu consigo vê-lo sentado em seu bunker no final", acrescentou.

Quando Dunst, também de ascendência alemã, começou a lançar olhares de desconforto e murmurou, "Oh, meu Deus, isso é terrível", para a também atriz Charlotte Gainsbourg, o diretor disse: "mas há um propósito no fim disto".

"O que estou dizendo é que eu acho que entendo o homem. Ele não é o que você chamaria de um cara legal, mas, sim, eu entendo muito sobre ele e sinto alguma empatia por ele, sim. Mas, vamos lá, não sou favorável à Segunda Guerra Mundial e não sou contra os judeus", acrescentou.

Em um breve comunicado enviado por e-mail à AFP por um de seus produtores, Meta Louise Foldager, von Trier se desculpou pelo que acabou de dizer.

"Se eu magoei alguém esta manhã com as palavras que proferi na coletiva, peço desculpa, sinceramente", afirmou. "Não sou antissemita ou tenho preconceitos raciais de qualquer tipo, nem eu sou um nazista", emendou.

As declarações de Von Trier na coletiva também se dirigiram a Israel e ao arquiteto-chefe de Hitler, Albert Speer.

"É claro que gosto dos judeus, mas não demais porque Israel é um pé no saco", acrescentou.

"E ainda - como posso me livrar desta frase? - eu só quero dizer, acerca da arte, que gosto muito do Speer", afirmou, acrescentando que este criminoso nazista condenado tinha "talento".

"Ok, eu sou nazista", deu de ombros, deixando escapar um riso nervoso.

Em seguida, ele revelou que seu próximo filme poderia ser "A Solução Final", termo usado pelos nazistas para designar o Holocausto.

Segundo a revista especializada The Hollywood Reporter, von Trier virou o "Mel Gibson de Cannes", em alusão às notórias posições antissemitas e sexistas do ator nos últimos anos.

"Von Trier nunca foi muito P.C. (politicamente correto) e estas entrevistas coletivas de Cannes sempre acabam se revelando uma rotina teatral, mas na coletiva de Melancholia, ele levou a questão para um novo nível, lançando uma granada em qualquer senso de decoro público", destacou.

"Se isto fosse a América, e não Cannes, teria sido um suicídio profissional", sentenciou.

Na terça-feira, Gibson faltou à coletiva em Cannes de seu novo filme, "The Beaver", alegando um compromisso anterior em Los Angeles, porém mais tarde apareceu no tapete vermelho com sua diretora, Jodie Foster.

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