La Paz recebe indígenas que marcham contra estrada financiada pelo Brasil
Indígenas chegaram à capital após 66 dias de caminhada. Obra atravessará uma reserva ecológica
Da Redação
Publicado em 19 de outubro de 2011 às 19h16.
La Paz - La Paz ofereceu nesta quarta-feira uma recepção triunfal aos indígenas que marcharam 66 dias contra uma estrada financiada pelo Brasil que atravessará uma reserva ecológica e seus líderes reiteraram que permanecerão na cidade até que o presidente Evo Morales atenda suas reivindicações e paralise a obra.
Dezenas de milhares de pessoas invadiram as ruas do centro da capital boliviana para aclamar e festejar os nativos, que esperam se reunir amanhã com Morales , já que o presidente aceitou finalmente dialogar com eles, como pediam há meses.
Os moradores de La Paz receberam os manifestantes com abraços, beijos, flores, cantos, presentes, roupas e comida, em um clima de alegria sem precedentes em muitos anos, segundo constatou a Agência Efe.
'Nunca pensamos nesta recepção, que já faz parte da história dos bolivianos', disse o líder da Confederação de Povos Indígenas da Bolívia (CIDOB), Adolfo Chávez.
Milhares de trabalhadores, estudantes, professores e membros de grupos cívicos se juntaram à passeata e formaram cordões de segurança ao longo do trajeto.
Os nativos, segundo Chávez, dedicarão o resto do dia a saudar os diversos setores que lhes apoiaram desde que saíram da cidade amazônica de Trinidad no dia 15 de agosto, quase ao nível do mar, para percorrer caminhos e estradas que nos últimos dias passaram de 4.000 metros de altitude.
Mulheres, crianças e idosos precisaram do auxílio de ambulâncias nos últimos quilômetros.
A multidão cantou palavras de ordem para apoiar os indígenas que caminharam mais de 500 quilômetros para forçar Morales a se retratar da decisão de construir a estrada no Território Indígena Parque Nacional Isiboro Sécure (Tipnis).
Os amazônicos temem que essa reserva ecológica de 1,2 milhões de hectares seja arruinada pela estrada, financiada pelo Brasil e a cargo da empresa OAS, pois permitirá a invasão de madeireiros e produtores de coca.
Morales continua sendo líder de federações de cocaleiros da região central de Chapare, vizinha do Tipnis, para o qual prometeu mais terras. O presidente defende a estrada como instrumento para desenvolver a Bolívia.
A marcha indígena desfilou durante horas pelas ruas abarrotadas de La Paz, sede do Governo, mas não da capital da Bolívia (que é Sucre), até a Praça Murillo, onde estão as sedes da Presidência e do Parlamento.
O ministro da Comunicação da Bolívia, Ivan Canelas, disse em entrevista coletiva que a chegada da passeata à praça foi permitida, mas advertiu sobre a presença de ativistas políticos que podem provocar violência.
A Polícia foi retirada a pedido dos manifestantes, receosos pela violenta repressão que sofreram no dia 25 de setembro, quando 500 agentes atacaram seu acampamento próximo ao povoado de Yucumo.
Até Morales qualificou de 'imperdoável' o ataque, mas não assumiu nenhuma responsabilidade, assim como fizeram seus principais colaboradores.
No entanto, dois ministros, um vice-ministro, o subdiretor da Polícia e outros funcionários pediram demissão ou foram destituídos por causa da operação, que rendeu a Morales duas acusações na Promotoria por 'genocídio'.
A passeata chega depois que Morales sofreu no domingo a primeira derrota eleitoral desde 2005, em pleitos judiciais nos quais a oposição estimulou os votos nulos ou em branco, que superaram com 60% os sufrágios válidos, que não chegaram a 40%.
A popularidade do governante caiu nos últimos meses para a metade dos 64% de votos que o reelegeram em 2009, segundo as últimas pesquisas. EFE
La Paz - La Paz ofereceu nesta quarta-feira uma recepção triunfal aos indígenas que marcharam 66 dias contra uma estrada financiada pelo Brasil que atravessará uma reserva ecológica e seus líderes reiteraram que permanecerão na cidade até que o presidente Evo Morales atenda suas reivindicações e paralise a obra.
Dezenas de milhares de pessoas invadiram as ruas do centro da capital boliviana para aclamar e festejar os nativos, que esperam se reunir amanhã com Morales , já que o presidente aceitou finalmente dialogar com eles, como pediam há meses.
Os moradores de La Paz receberam os manifestantes com abraços, beijos, flores, cantos, presentes, roupas e comida, em um clima de alegria sem precedentes em muitos anos, segundo constatou a Agência Efe.
'Nunca pensamos nesta recepção, que já faz parte da história dos bolivianos', disse o líder da Confederação de Povos Indígenas da Bolívia (CIDOB), Adolfo Chávez.
Milhares de trabalhadores, estudantes, professores e membros de grupos cívicos se juntaram à passeata e formaram cordões de segurança ao longo do trajeto.
Os nativos, segundo Chávez, dedicarão o resto do dia a saudar os diversos setores que lhes apoiaram desde que saíram da cidade amazônica de Trinidad no dia 15 de agosto, quase ao nível do mar, para percorrer caminhos e estradas que nos últimos dias passaram de 4.000 metros de altitude.
Mulheres, crianças e idosos precisaram do auxílio de ambulâncias nos últimos quilômetros.
A multidão cantou palavras de ordem para apoiar os indígenas que caminharam mais de 500 quilômetros para forçar Morales a se retratar da decisão de construir a estrada no Território Indígena Parque Nacional Isiboro Sécure (Tipnis).
Os amazônicos temem que essa reserva ecológica de 1,2 milhões de hectares seja arruinada pela estrada, financiada pelo Brasil e a cargo da empresa OAS, pois permitirá a invasão de madeireiros e produtores de coca.
Morales continua sendo líder de federações de cocaleiros da região central de Chapare, vizinha do Tipnis, para o qual prometeu mais terras. O presidente defende a estrada como instrumento para desenvolver a Bolívia.
A marcha indígena desfilou durante horas pelas ruas abarrotadas de La Paz, sede do Governo, mas não da capital da Bolívia (que é Sucre), até a Praça Murillo, onde estão as sedes da Presidência e do Parlamento.
O ministro da Comunicação da Bolívia, Ivan Canelas, disse em entrevista coletiva que a chegada da passeata à praça foi permitida, mas advertiu sobre a presença de ativistas políticos que podem provocar violência.
A Polícia foi retirada a pedido dos manifestantes, receosos pela violenta repressão que sofreram no dia 25 de setembro, quando 500 agentes atacaram seu acampamento próximo ao povoado de Yucumo.
Até Morales qualificou de 'imperdoável' o ataque, mas não assumiu nenhuma responsabilidade, assim como fizeram seus principais colaboradores.
No entanto, dois ministros, um vice-ministro, o subdiretor da Polícia e outros funcionários pediram demissão ou foram destituídos por causa da operação, que rendeu a Morales duas acusações na Promotoria por 'genocídio'.
A passeata chega depois que Morales sofreu no domingo a primeira derrota eleitoral desde 2005, em pleitos judiciais nos quais a oposição estimulou os votos nulos ou em branco, que superaram com 60% os sufrágios válidos, que não chegaram a 40%.
A popularidade do governante caiu nos últimos meses para a metade dos 64% de votos que o reelegeram em 2009, segundo as últimas pesquisas. EFE