Mundo

Kirchnerismo usará Judiciário para manter controle à mídia

O terreno em que a oposição a Mauricio Macri, novo presidente da Argentina, tem mais condições de adiar o fim do controle sobre a mídia é o Judiciário


	Argentina: oposição a Macri tenta adiar o fim do controle sobre a mídia por meio do Judiciário
 (Getty Images)

Argentina: oposição a Macri tenta adiar o fim do controle sobre a mídia por meio do Judiciário (Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 17 de janeiro de 2016 às 08h46.

Buenos Aires - O principal desafio de Mauricio Macri para sepultar a pretensão kirchnerista de desmembrar grandes meios de comunicação críticos não está no Congresso, onde o bloco do presidente argentino está em minoria e o decreto que emitiu derrubando partes da Lei de Mídia poderia ser revertido. O terreno em que a oposição tem mais condições de adiar o fim do controle sobre o setor é o Judiciário.

Na segunda-feira, duas liminares tiraram o efeito da medida pela qual o presidente anulou os trechos mais controvertidas da lei, aprovada em 2009 e considerada constitucional em 2013. Macri suprimiu o limite ao tamanho dos veículos de comunicação e extinguiu o órgão encarregado de controlar a aplicação da Lei de Mídia, a Autoridade Federal de Serviços de Comunicação Audiovisual (Afsca). Com a manobra, tirou do comando o kirchnerista Martín Sabbatella, que tinha mandato até 2017.

Na sexta-feira, Sabbatella conseguiu entrar na Afsca por duas horas, tempo suficiente para subir uma foto no Twitter e colocar um quadro de Cristina Kirchner em seu antigo gabinete. Foi obrigado a deixar o prédio quando um tribunal aceitou um recurso do governo e determinou que as liminares, concedidas por dois juízes ligados ao kirchnerismo, não teriam efeito até passarem por outra corte.

Novamente desempregado, Sabbatella prometeu em sua conta no Facebook arrastar o caso na Justiça. "Os que defendem a lei e a liberdade de expressão acionarão todos os recursos necessários em cada instância judicial e na Corte Suprema", escreveu.

À frente da Afsca, Sabbatella liderou a tentativa kirchnerista de desmembrar o Grupo Clarín, a maior empresa de comunicação do país, que se distanciou do governo de Cristina em 2008. Outros conglomerados que deveriam se submeter à divisão imposta pela Lei de Mídia, mas estavam alinhados com Cristina, não receberam a mesmo rigor de Sabbatella.

Durante o kirchnerismo, a divisão de verba publicitária seguiu critérios de afinidade editorial. Uma das promessas do governo Macri é distribuir os valores para propaganda oficial de acordo com a circulação ou abrangência do veículo. Outra é tratar de maneira equitativa meios mais críticos a suas medidas de abertura econômica, como o jornal Página 12 e o canal C5N. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:América LatinaArgentinaJustiçaLiberdade de imprensaMauricio MacriMídiaServiços

Mais de Mundo

Kamala e Trump dizem que estão prontos para debate e Fox News propõe programa extra

Eleições nos EUA: como interpretar as pesquisas entre Kamala e Trump desta semana?

Eventual governo de Kamala seria de continuidade na política econômica dos EUA, diz Yellen

Maduro pede voto de indecisos enquanto rival promete 'não perseguir ninguém' se for eleito

Mais na Exame