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Kadafi aplaudido como astro do rock durante seu discurso

Multidão formada por partidários do ditador assistiu o discurso; mais uma vez Kadafi prometeu que não irá deixar o poder

O ditador líbio Muamar Kadafi durante seu discurso (Antoine Lambroschini/AFP)
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Da Redação

Publicado em 2 de março de 2011 às 16h18.

Trípoli - Vestido com uma túnica com listras negras e brancas e exibindo um turbante cor de café, o dirigente líbio Muamar Kadafi falou sem parar por quase três horas ante uma multidão de delegados que o ouvia atentamente e expressava, aos gritos, sua adoração pelo líder.

Apesar de o discurso ser menos apaixonado e mais sereno que as intervenções anteriores, o coronel Kadafi defendeu com ardor e sem parar seu controle sobre o país no que também foi uma comemoração pelo 34º aniversário do advento do "poder das massas" na Líbia.

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Habituado a gestos curiosos, o líder líbio continuou leal a sua fama, ao chegar ao local a bordo de um carrinho de golfe, seguido por dez carros 4X4 pretos e brancos e repletos de guarda-costas armados.

Os delegados, alguns exibindo retratos do "Guia da Revolução" junto ao peito, receberam o coronel como se fosse um astro o rock.

Com os braços erguidos, Kadafi ouviu durante uns dez minutos os gritos, as cantorias e os aplausos de seus partidários, alguns de pé em suas cadeiras.

"Muamar, nós te amamos", gritava uma parte da multidão. "Alá, Muamar, Líbia, todos unidos", cantava com mais força outro grupo. "Estamos prontos para morrer por Kadafi", gritavam outros presentes.

"Eu me sinto muito bem hoje, pois vejo nosso chefe, o defensor de nossa dignidade, da revolução", declarou à AFP Habib Hasnawi, professor universitário convidado a assistir ao discurso, seguido de uma sessão de perguntas e respostas.

"A Otan e os Estados Unidos querem vir aqui nos colonizar, mas isso jamais acontecerá graças ao povo líbio e ao nosso guia. Ele é o fundamento de nossa união e é necessário que o apoiemos até a morte", enfatizou o funcionário, com um manto verde sobre as costas.

As palavras de Kadafi foram regularmente interrompidas pelos cantos dos delegados, tanto que, em algumas vezes, o coronel pediu calma à multidão batendo no microfone.

Mas era algo impossível. A cada declaração contra a Al-Qaeda, a cada crítica contra a intervenção das potências ocidentais e a cada promessa de créditos imobiliários sem juros, os partidários se levantavam e expressavam sua admiração.

Muamar Kadafi saiu da sala de conferência sob uma grande ovação, prometendo que jamais deixará a Líbia, mesmo que seja o último líbio a ficar no país.

Ao sair, assumiu direção do carrinho de golfe e, com dificuldade, passou entre a multidão de delegados que o seguiram aplaudindo até o pátio do prédio onde foi realizada a cerimônia.

Na rua, muitos partidários, em sua maioria crianças e adolescentes, mostravam retratos do dirigente e cantavam glórias a ele.

A caravana de Kadafi atravessou tranquilamente a manifestação, deixando para atrás dezenas de pessoas que cantavam e dançavam em meio à avenida, diante de dezenas de militares e policiais, sorridentes e com uma Kalashnikov nas mãos.

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