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'Justiça de Deus trabalhou', diz ex-caseiro Francenildo

Francenildo rejeita, no entanto, a colocação de que deveria estar feliz com a segunda queda de Palocci

O ex-caseiro Francenildo dos Santos Costa, que teve o sigilo bancário quebrado (Anderson Schneider/Veja)

O ex-caseiro Francenildo dos Santos Costa, que teve o sigilo bancário quebrado (Anderson Schneider/Veja)

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Da Redação

Publicado em 8 de junho de 2011 às 16h56.

São Paulo - "A Justiça de Deus trabalhou", resumiu o ex-caseiro e hoje jardineiro Francenildo dos Santos Costa, o Nildo, ao se referir ao vexame protagonizado pelo ex-ministro-chefe da Casa Civil Antonio Palocci de deixar pela segunda vez um cargo importante no governo por não conseguir se defender. Da outra vez, há cinco anos, o alvo de Palocci foi justamente Nildo, então caseiro da mansão frequentada pelo ex-ministro e seus amigos de Ribeirão Preto (SP), visitada também por garotas de programa e onde supostamente ocorriam negociações suspeitas.

Para desqualificar a entrevista de Nildo ao jornal O Estado de S. Paulo, na época, sobre o que acontecia na casa, o sigilo da conta do caseiro na Caixa Econômica Federal foi violado e as suspeitas caíram sobre o então ministro da Fazenda, Antonio Palocci. Na defesa para não pagar os R$ 500 mil de indenização devidos a Nildo, por ordem da Justiça, os advogados da Caixa são categóricos na afirmação de que foi, sim, o gabinete do ministro da Fazenda o responsável pela quebra do sigilo.

Francenildo rejeita a colocação de que deveria estar feliz com a segunda queda de Palocci. Alega que nunca alimentou nenhum tipo de expectativa com relação a ele, "nem boa nem má". "Meu objetivo não é esse. Eu vejo é aquela velha história, quem acredita em Deus, sabe que aqui se faz e aqui se paga". "Quem pensa em Deus vai em frente, agora os outros não andam, vão para trás".

Ele tampouco quis criticar o Supremo Tribunal Federal (STF). Há dois anos, a Corte impediu a abertura de inquérito para investigar Palocci pela violação de seu sigilo, por cinco votos a quatro. "Os quatro votos foram uma vitória, ficaria chateado se todo mundo tivesse ficado contra mim", alega. "Agora, no meu caso, se eu roubasse um quilo de arroz pra minha família comer, iria preso", compara.

Nildo conta que, desde 2006, não conseguiu mais trabalhar com a carteira assinada. Ele faz bico como jardineiro, mas tem conseguido levar adiante o curso supletivo que termina este ano. O ex-caseiro aponta como vantagem pessoal em relação a Antonio Palocci o fato de ter uma mãe que sempre o ensinou a andar na linha. "A educação a gente aprende em casa, a educação moral, ninguém vai tirar de você o que seu pai ou mãe ensinaram. Se bem que, no meu caso, minha mãe era os dois", afirma, referindo-se ao pai biológico de quem recebeu R$ 33 mil "descobertos" por Palocci na conta da Caixa para que não entrasse com um processo de paternidade.

A família do ex-caseiro aumentou com a chegada do segundo filho há cinco meses, uma menina. Ele ironiza a situação de Palocci ao afirmar que seu patrimônio é muito maior do que o do ex-ministro. "Meu patrimônio cresceu mais do que o dele, com a filha que Deus me deu", explica. O que, diz Nildo, vale muito mais do que os apartamentos de milhões que Palocci possui e o que diz alugar.

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