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Justiça argentina aceita tese de homicídio de promotor

Médico forense encarregado de analisar o caso apresenta laudo descartando suicídio; outros legistas afirmam que ainda não se poderia eliminar essa hipótese

Guarda-chuva nas cores da bandeira argentina é segurado por manifestante em protesto em Buenos Aires pelo promotor Alberto Nisman (Enrique Marcarian/Reuters)

Guarda-chuva nas cores da bandeira argentina é segurado por manifestante em protesto em Buenos Aires pelo promotor Alberto Nisman (Enrique Marcarian/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 12 de março de 2015 às 15h26.

Buenos Aires - A justiça argentina aceitou nesta quinta-feira incorporar ao caso sobre a morte do promotor argentino Alberto Nisman um relatório forense que sustenta que ele foi vítima de homicídio, o que contradiz a perícia oficial, que não descarta a hipótese de suicídio.

Nisman apareceu morto em 18 de janeiro, quatro dias depois de ter acusado a presidente Cristina Kirchner e outros funcionários de acobertar iranianos pelo atentado contra um centro judaico em 1994.

"Ratificamos a perícia em sua totalidade e ela foi incorporada oficialmente ao caso", declarou à imprensa o médico forense Daniel Salcedo, perito de parte da ex-mulher de Nisman e mãe de suas duas filhas, a juíza Sandra Arroyo Salgado.

O documento foi divulgado na semana passada por Arroyo Salgado em uma coletiva de imprensa.

"É descartado o suicídio, ratificamos a perícia", insistiu Salcedo após comparecer nesta quinta-feira à citação de Fein junto a outros peritos da denúncia.

As circunstâncias da morte de Nisman ainda permanecem incertas 53 dias depois de seu corpo ter sido encontrado no banheiro de seu apartamento de Buenos Aires e o caso segue intitulado como "morte duvidosa".

O promotor morreu com um tiro na cabeça de uma velha pistola calibre 22. Nisman havia pedido a arma emprestada a um colaborador um dia antes de se apresentar no Congresso para ampliar sua denúncia contra a presidente.

Quatro dias antes havia acusado Kirchner, o chanceler Héctor Timerman e pessoas próximas ao governo de acobertar ex-funcionários iranianos pelo atentado à mutual judaica AMIA ocorrido em 1994 em Buenos Aires com um saldo de 85 mortos.

"As divergências com as perícias oficiais são totais", declarou na semana passada a promotora do caso, Viviana Fein.

Salcedo afirmou que o próximo passo "será chamar peritos oficiais para elucidar esta questão, uma junta forense de criminalistas e médicos legais", em um prazo que a promotoria determinará.

Consultado sobre se será possível conciliar em uma conclusão única documentos tão divergentes, o especialista declarou que "certamente enquanto se concentrar em questões científicas".

Mariano Castex, um experiente médico legista de 82 anos, questionou o documento apresentado por Arroyo Salgado e declarou que os dados que contém "admitem presunção e não permitem apontar conclusões assertivas e dogmáticas".

"É imprudente descartar de cara o suicídio", declarou à AFP este professor universitário, estimando em "75% o suicídio e 25% um homicídio", com base nos dados conhecidos da perícia até agora.

Após a morte de Nisman, o promotor Gerardo Pillicita retomou a denúncia e a apresentou à justiça, mas um juiz de primeira instância a rejeitou por inexistência de crime e falta de sustentação jurídica.

A decisão foi apelada e recaiu em uma câmara federal.

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