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Jund al-Khilafa ameaça matar francês se ataques não pararem

A França é até o momento o único país, além dos Estados Unidos, a ter bombardeado posições do Estado Islâmico no Iraque

Hervé Pierre Gourdel: ele pede a François Hollande que o tire desta situação (Jund al-Khilafa via Youtube/AFP)

Hervé Pierre Gourdel: ele pede a François Hollande que o tire desta situação (Jund al-Khilafa via Youtube/AFP)

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Da Redação

Publicado em 22 de setembro de 2014 às 20h24.

Um grupo ligado aos jihadistas do Estado Islâmico (EI) reivindicou nesta segunda-feira o sequestro de um francês na Argélia e ameaçou executá-lo em 24 horas, se a França não suspender os ataques contra esse movimento ultra-radical no Iraque.

O anúncio foi feito algumas horas depois de uma advertência feita pelo EI de que vai matar cidadãos dos países da coalizão internacional criada para lutar contra o grupo jihadista no Iraque e na Síria, principalmente americanos e franceses.

Na Síria, o avanço do EI em uma região próxima à Turquia levou mais de 130.000 sírios, principalmente curdos, a buscar refúgio do outro lado da fronteira.

Em um vídeo, o grupo jihadista argelino Jund al-Khilafa, que jurou fidelidade ao EI, reivindica o sequestro de um francês, levado na noite de domingo na região de Tizi Ouzou, 110 km a leste de Argel, segundo as autoridades francesas e argelinas.

O ministro das Relações Exteriores francês, Laurent Fabius, confirmou a autenticidade da gravação.

O vídeo mostra o refém, Hervé Pierre Gourdel, pede ao presidente francês que o tire desta situação.

Gourdel aparece sentado no chão cercado por dois homens mascarados e armados com fuzis.

"Deixo para Hollande, o presidente do Estado francês criminoso, a iniciativa de interromper os ataques contra o Estado Islâmico nas 24 horas depois da divulgação deste comunicado ou seu compatriota Hervé Gourdel será degolado", afirma um dos homens armados.

A França é até o momento o único país, além dos Estados Unidos, a ter bombardeado posições do EI no Iraque.

O refém, que havia chegado à Argélia no sábado, declara que é um guia de montanhas originário de Nice, no sul da França.

O Ministério argelino do Interior explicou que o francês havia sido sequestrado por homens armados que interceptaram o veículo em que ele estava.

Depois do anúncio do sequestro, o presidente François Hollande entrou em contato com o primeiro-ministro argelino, Abdelmalek Sellal. "A cooperação é total entre a França e a Argélia em todos os níveis para tentarmos (...) libertar nosso compatriota", afirmou a Presidência francesa.

"Franceses perversos"

Em uma mensagem divulgada na manhã desta segunda-feira em várias línguas, o EI fez aos seus fiéis um apelo pelo assassinato de cidadãos de cerca de quarenta países que se uniram para "destruir" o grupo, nas palavras do presidente americano, Barack Obama.

"Se vocês puderem matar um infiel americano ou europeu - principalmente os franceses perversos e sujos - ou um australiano ou um canadense, ou qualquer (...) cidadão dos países envolvidos em uma coalizão contra o Estado Islâmico, confiem em Alá e matem-no, não importa de que forma", declarou Abu Mohammed al-Adnani, porta-voz do EI.

Frente a esta ameaça, Paris pediu "prudência máxima" a seus cidadãos que vivem em cerca de trinta países - principalmente do Magreb, do Oriente Médio e da África - ou que precisem viajar para essas regiões.

Pouco antes, o ministro francês do Interior, Bernard Cazeneuve, havia afirmado que a França "não tem medo", acrescentando: As ameaças dos jihadistas "não mudarão em nada a nossa determinação de acabar com seus abusos".

No Iraque, os jihadistas atacaram no domingo uma base do Exército, a oeste de Bagdá, onde mataram 40 soldados e capturaram 70, indicou nesta segunda um oficial iraquiano.

Êxodo para a Turquia

Enquanto isso, na Síria - onde o EI invadiu pelo menos 64 aldeias da região de Ain al-Arab (Kobané em curdo) na semana passada -, os moradores continuam fugindo para a Turquia.

Os jihadistas querem tomar Ain al-Arab, terceira maior cidade curda da Síria, para conquistar o controle total de uma extensa faixa na fronteira sírio-turca. Mas seu avanço foi contido nesta segunda-feira por combatentes curdos, de acordo com o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

O vice-primeiro ministro turco, Numan Kurtulmus, anunciou que o número de sírios que fugiram para a Turquia superou os 130.000 e afirmou que seu país "tomou todas as medidas necessárias para uma chegada de deslocados".

Confirmando esse número, o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur) indicou que os deslocados se refugiaram em várias cidades do sudeste da Turquia, passando por nove postos de fronteira.

Mas a Anistia Internacional lamentou que Ancara tenha começado a "fechar alguns de seus postos de fronteira".

Diante do avanço jihadista no nordeste da Síria, o líder da Coalizão Nacional Opositora síria, Hadi al-Bahra, pediu que a comunidade internacional realize ataques aéreos "imediatamente".

"Atacar os jihadistas do EI apenas no Iraque não vai adiantar, se eles continuarem atuando, se reunindo e treinando na Síria", insistiu.

De acordo com o OSDH, sírios não-curdos se juntaram aos combatentes curdos para defender Ain al-Arab. Na localidade turca de Suruç, perto da fronteira, houve confrontos entre as forças de segurança e centenas de manifestantes curdos que protestavam contra a recusa das autoridades em deixá-los ir para a Síria para combater ao lado de seus compatriotas a pedido o movimento armado curdo turco PKK.

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