Agência de notícias
Publicado em 31 de maio de 2024 às 10h25.
A versão da Promotoria venceu e o ex-presidente americano Donald Trump foi condenado nesta quinta-feira em todas as 34 acusações de fraude fiscal das quais era alvo da Justiça. As falsificações teriam sido feitas para ocultar o suborno pago à ex-atriz pornô Stormy Daniels, com quem o magnata teria tido um caso no passado, evitando que o vazamento do escândalo arruinasse a sua campanha presidencial em 2016.
A quantia, de US$ 130 mil, teria sido paga pelo seu ex-advogado e homem de confiança, Michael Cohen, e reembolsada pelo republicano ao longo de 2017, quando ele já era presidente, em forma de "despesas legais" falsas.
Mas a palavra do "pitbull" de Trump estava longe de ser confiável: Cohen já mentiu sob juramento e só depois confessou o crime, o que lhe rendeu uma pena de 3 anos de prisão (cumprindo apenas parte dela).
Com uma testemunha-chave duvidosa, a estratégia dos promotores foi apelar aos jurados para que não focassem no depoimento do ex-advogado, mas em 34 documentos essenciais ao processo: 11 notas fiscais, 12 comprovantes de pagamento e 11 cheques. Para cada um deles, Trump foi acusado de um crime.
"A importância de Michael Cohen neste caso é que ele fornece contexto e cor aos documentos", disse o promotor Joshua Steinglass em seus argumentos finais. Mas esses documentos não mentem. E eles não se esquecem.
Pelos US$ 130 mil pagos do seu próprio bolso para comprar o silêncio de Daniels, Cohen recebeu US$ 420 mil de Trump e do diretor financeiro da Organização Trump, Allen Weisselberg.
O valor teria sido negociado em uma reunião entre os três dias antes da posse, e inclui, além do valor do suborno, U$ 50 mil de pagamento a um fornecedor que Cohen conseguiu para Trump, US$ 180 mil para cobrir qualquer obrigação fiscal referente a esses valores e um bônus de US$ 60 mil. O valor total seria pago em 12 parcelas de US$ 35 mil mensais.
A divisão foi documentada em uma nota escrita à mão pelo controlador da empresa de Trump, Jeffrey McConney, em uma reunião posteriormente com o diretor financeiro da organização.
De fevereiro a dezembro, os US$ 35 mil eram pagos por meio de notas fiscais emitidas por Cohen, cheques e comprovantes incluídos nos registros contábeis da Organização Trump como se fossem despesas legais legítimas devidas a Cohen. Em depoimento, o ex-advogado confessou se tratar de reembolso e que não havia prestado nenhum serviço de fato.
Os comprovantes de pagamento fazem parte de uma prática comercial comum para registrar os gastos de uma empresa e detalhar quem é pago e por quê. As entradas foram registradas pela contadora da empresa, Deborah Tarasoff, que foi uma das testemunhas no julgamento. Em depoimento, ela atestou que a autorização de pagamento havia sido dado pelo diretor financeiro da empresa e por outro alto executivo.
No caso dos cheques, 11 no total, dois foram feitos de uma conta conjunta de Trump, e nove saíram diretamente da sua conta pessoal. Nesse caso, a assinatura do próprio republicano foi um dos principais elementos para atestar a veracidade das provas.