Johnson vs Hunt: um debate para definir o condutor do Brexit
Boris Johnson e Jeremy Hunt são os finalistas da competição interna do partido Conservador para liderar o Reino Unido durante o processo de saída da UE
Da Redação
Publicado em 9 de julho de 2019 às 05h53.
Última atualização em 9 de julho de 2019 às 06h27.
A escolha do sucessor de Theresa May se aproxima. No próximo dia 23 de julho, o partido conservador do Reino Unido escolherá seu líder e futuro primeiro-ministro, responsável por conduzir a saída do país da União Europeia (UE) até 31 de outubro. Na corrida, restam dois nomes: Boris Johnson, antigo prefeito de Londres, e Jeremy Hunt, atual ministro das Relações Exteriores. Nesta terça-feira, 9, pela primeira vez, os dois se enfrentam em um debate televisivo.
O debate será transmitido pela ITV às 20 horas no Reino Unido, 16h no horário de Brasília. Os candidatos responderão perguntas do público e de membros do partido. Desde sexta-feira, 5, antes da transmissão, os mais de 180.000 conservadores registrados já receberam as cédulas de votação pelo correio e podem votar.
Por enquanto, Boris Johnson está na frente e obteve apoio de mais de 50% dos ministros conservadores na primeira fase da disputa. Ele foi ministro das Relações Exteriores e defendeu o Brexit no referendo de 2016. Deixou a chancelaria por não concordar com as decisões de May nas negociações com Bruxelas para a saída da União Europeia. May foi acusada pelos conservadores de ser muito condescendente com os Europeus — Johnson defende até uma saída unilateral, o que seria um desastre econômico para o país.
Recentemente, o político esteve envolvido em um possível caso de violência doméstica, quando os vizinhos de sua residência chamaram a polícia na madrugada de 21 de junho após ouvirem uma discussão em voz alta entre ele e sua namorada, Carrie Symonds. Ainda assim, segundo a casa de apostas Betfair Exchange, sua chance de vitória é de quase 100%.
Hunt, por outro lado, apesar de estar atrás numericamente, recebeu apoio público nos últimos dias de antigos primeiros-ministros britânicos, como Sir John Major e William Hague. Em 2016, ele defendeu a permanência na União Europeia, mas mudou de opinião por se ver decepcionado com “a atitude arrogante” de Bruxelas nas negociações.
Assim como Johnson, ele considera que o Reino Unido deve cumprir o prazo para o Brexit em outubro. Diferentemente do seu opositor, Hunt pensa que seria um “suicídio político” para os conservadores buscar uma saída sem acordo da União Europeia. Já Johnson defende a manutenção da data, independentemente do estado do acordo.
Oficialmente, a saída deveria ter acontecido no fim de março, três anos após o início do processo (a decisão de deixar a UE foi tomada pela população britânica em referendo em 2016). Contudo, diante da dificuldade de passar um acordo no Parlamento, os britânicos conseguiram junto à Comissão Europeia autorização para prorrogar o prazo de saída até 31 de outubro.
Caberá, portanto, a Boris ou a Hunt, a tarefa de tentar junto ao bloco um acordo melhor do que o negociado por May ou optar por sair sem acordo. Ao mesmo tempo, o novo primeiro-ministro terá que convencer o Parlamento a aprovar o processo. Mesmo tentando desde 2016, May falhou na tarefa. O próximo líder, seja quem for, terá apenas três meses para conseguir essa façanha.