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Japão busca soluções inéditas para afastar perigo de Fukushima

País aceitou a ajuda francesa e americana para resolver o problema nuclear; entre as opções avaliadas estão o uso de uma lona espacial ou um navio-tanque

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 30 de março de 2011 às 19h21.

Sendai, Japão - O Japão estudava nesta quarta-feira todas as opções para reduzir as emissões radioativas e retirar toneladas de água contaminada da central Fukushima Daiichi (n°1), incluindo cobrir os reatores com uma lona especial ou utilizar os reservatórios de um navio-tanque.

A operadora do complexo, Tokyo Electric Power (Tepco), aceitou a ajuda do grupo nuclear francês Areva. A presidente da empresa, Anne Lauvergeon, chegou nesta quarta-feira a Tóquio acompanhada de especialistas com o objetivo de prestar assistência técnica às equipes japonesas, principalmente para o tratamento das águas contaminadas.

O Departamento americano de Energia também colocou à disposição robôs resistentes a radiações, capazes de recolher informações dos reatores nas instalações onde a radioatividade é elevada demais.

Criticado por sua ausência depois do início da mais grave crise nuclear depois Chernobyl, o presidente da Tepco, Masataka Shimizu, de 66 anos, foi hospitalizado na terça-feira à noite com hipertensão arterial, confirmou durante uma entrevista coletiva à imprensa o presidente de honra do grupo, Tsunehisa Katsumata.

Katsumata considerou inevitável o desmantelamento dos reatores 1 ao 4 da central Fukushima Daiichi, construída há mais de 40 anos na costa do Pacífico, 250 km ao norte de Tóquio e de seus 35 milhões de habitantes.

O complexo, que conta com seis reatores, não foi concebido para resistir ao tsunami de 14 metros gerado, no dia 11 de março, pelo mais poderoso terremoto já registrado no Japão.

A alimentação elétrica dos circuitos de resfriamento dos reatores foi brutalmente interrompida. Sem água, o combustível nuclear começou a aquecer e a entrar em fusão, provocando uma série de explosões e grandes vazamentos radioativos.

No entanto, esse processo, que poderá desencadear um grande acidente nuclear, parece ter sido contido no momento.

"As informações atuais que possuímos nos levam a pensar que a central registra uma lenta recuperação após o acidente", disse Peter Lyons, subsecretário americano interino encarregado do Escritório de Energia Nuclear do Departamento de Energia.

"Há ainda um grande número de obstáculos a serem superados para que a central nuclear retome a estabilidade, mas acho que as coisas estão no bom caminho", confirmou William Borchardt, um alto funcionário da Nuclear Regulatory Commission (NRC), comissão americana de regulação nuclear.


Milhares de toneladas de água do mar, substituídas recentemente por água doce por causa dos efeitos corrosivos do sal, foram derramadas dia e noite sobre os reatores para que fossem resfriados e para interromper a fusão.

Mas essa enorme quantidade de água contaminada pela radiação entrou nas salas de máquinas e nas galerias subterrâneas e, em seguida, vazou para o Oceano Pacífico, onde a taxa de iodo radioativo atingiu mais de 3.300 vezes os índices aceitáveis na água do mar.

Os técnicos, que combatem a radiação há vinte dias, estão diante de um círculo vicioso: é fundamental resfriar os reatores, mas, quanto mais água utilizam, mais os índices de radioatividade aumentam. E quanto menos água injetam, mais a temperatura aumenta nos reatores.

A agência de segurança nuclear japonesa considerou nesta quarta-feira que é chegado o momento de buscar soluções inéditas.

"Estamos ante a uma situação sem precedentes e devemos pensar em estratégias diferentes, além do que fazemos normalmente", declarou uma autoridade à AFP.

A Tepco poderá utilizar um navio-tanque na central para retirar o líquido altamente radioativo, e estuda a possibilidade de cobrir as estruturas danificadas de três dos seis reatores com uma lona fabricada com um material especial, capaz de limitar o vazamento de vapores radioativos.

As equipes de emergência devem começar na quinta-feira a revestir o local com uma resina para reduzir a propagação de materiais radioativos.

A descoberta de plutônio nas cinco amostras de terra da central e o acúmulo de iodo radioativo e de césio na água do mar suscitam temores de uma grande poluição do meio ambiente e da cadeia alimentar.

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) anunciou que ela havia medido na cidade de Iitate, situada 40 quilômetros a noroeste da central, radiações que superam os níveis recomendados.

"Aconselhamos nossos interlocutores (japoneses) a avaliar a situação com precaução, e eles indicaram que a análise já estava em andamento", declarou em Viena, sede da AIEA, Denis Flory, uma autoridade da agência.

O Ministério da Indústria ordenou nesta quarta-feira às nove companhias de eletricidade regionais e às duas empresas que exploram os reatores nucleares no Japão o controle rápido de suas instalações e a adoção de medidas para reduzir a sua vulnerabilidade aos tsunamis.

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Sendai, Japão - O Japão estudava nesta quarta-feira todas as opções para reduzir as emissões radioativas e retirar toneladas de água contaminada da central Fukushima Daiichi (n°1), incluindo cobrir os reatores com uma lona especial ou utilizar os reservatórios de um navio-tanque.

A operadora do complexo, Tokyo Electric Power (Tepco), aceitou a ajuda do grupo nuclear francês Areva. A presidente da empresa, Anne Lauvergeon, chegou nesta quarta-feira a Tóquio acompanhada de especialistas com o objetivo de prestar assistência técnica às equipes japonesas, principalmente para o tratamento das águas contaminadas.

O Departamento americano de Energia também colocou à disposição robôs resistentes a radiações, capazes de recolher informações dos reatores nas instalações onde a radioatividade é elevada demais.

Criticado por sua ausência depois do início da mais grave crise nuclear depois Chernobyl, o presidente da Tepco, Masataka Shimizu, de 66 anos, foi hospitalizado na terça-feira à noite com hipertensão arterial, confirmou durante uma entrevista coletiva à imprensa o presidente de honra do grupo, Tsunehisa Katsumata.

Katsumata considerou inevitável o desmantelamento dos reatores 1 ao 4 da central Fukushima Daiichi, construída há mais de 40 anos na costa do Pacífico, 250 km ao norte de Tóquio e de seus 35 milhões de habitantes.

O complexo, que conta com seis reatores, não foi concebido para resistir ao tsunami de 14 metros gerado, no dia 11 de março, pelo mais poderoso terremoto já registrado no Japão.

A alimentação elétrica dos circuitos de resfriamento dos reatores foi brutalmente interrompida. Sem água, o combustível nuclear começou a aquecer e a entrar em fusão, provocando uma série de explosões e grandes vazamentos radioativos.

No entanto, esse processo, que poderá desencadear um grande acidente nuclear, parece ter sido contido no momento.

"As informações atuais que possuímos nos levam a pensar que a central registra uma lenta recuperação após o acidente", disse Peter Lyons, subsecretário americano interino encarregado do Escritório de Energia Nuclear do Departamento de Energia.

"Há ainda um grande número de obstáculos a serem superados para que a central nuclear retome a estabilidade, mas acho que as coisas estão no bom caminho", confirmou William Borchardt, um alto funcionário da Nuclear Regulatory Commission (NRC), comissão americana de regulação nuclear.


Milhares de toneladas de água do mar, substituídas recentemente por água doce por causa dos efeitos corrosivos do sal, foram derramadas dia e noite sobre os reatores para que fossem resfriados e para interromper a fusão.

Mas essa enorme quantidade de água contaminada pela radiação entrou nas salas de máquinas e nas galerias subterrâneas e, em seguida, vazou para o Oceano Pacífico, onde a taxa de iodo radioativo atingiu mais de 3.300 vezes os índices aceitáveis na água do mar.

Os técnicos, que combatem a radiação há vinte dias, estão diante de um círculo vicioso: é fundamental resfriar os reatores, mas, quanto mais água utilizam, mais os índices de radioatividade aumentam. E quanto menos água injetam, mais a temperatura aumenta nos reatores.

A agência de segurança nuclear japonesa considerou nesta quarta-feira que é chegado o momento de buscar soluções inéditas.

"Estamos ante a uma situação sem precedentes e devemos pensar em estratégias diferentes, além do que fazemos normalmente", declarou uma autoridade à AFP.

A Tepco poderá utilizar um navio-tanque na central para retirar o líquido altamente radioativo, e estuda a possibilidade de cobrir as estruturas danificadas de três dos seis reatores com uma lona fabricada com um material especial, capaz de limitar o vazamento de vapores radioativos.

As equipes de emergência devem começar na quinta-feira a revestir o local com uma resina para reduzir a propagação de materiais radioativos.

A descoberta de plutônio nas cinco amostras de terra da central e o acúmulo de iodo radioativo e de césio na água do mar suscitam temores de uma grande poluição do meio ambiente e da cadeia alimentar.

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) anunciou que ela havia medido na cidade de Iitate, situada 40 quilômetros a noroeste da central, radiações que superam os níveis recomendados.

"Aconselhamos nossos interlocutores (japoneses) a avaliar a situação com precaução, e eles indicaram que a análise já estava em andamento", declarou em Viena, sede da AIEA, Denis Flory, uma autoridade da agência.

O Ministério da Indústria ordenou nesta quarta-feira às nove companhias de eletricidade regionais e às duas empresas que exploram os reatores nucleares no Japão o controle rápido de suas instalações e a adoção de medidas para reduzir a sua vulnerabilidade aos tsunamis.

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