Japão anuncia retomada da caça comercial de baleias
Após sair de comissão internacional, o Japão vai retomar a caça nas águas territoriais e na zona econômica exclusiva do país em julho de 2019
Reuters
Publicado em 26 de dezembro de 2018 às 11h25.
Tóquio - O Japão retomará a partir de julho a caça comercial de baleias nas águas territoriais e na zona econômica exclusiva do país, mas encerrará a prática polêmica na Antártida, informou o país nesta quarta-feira, quando anunciou a desfiliação da Comissão Baleeira Internacional (IWC).
Austrália e Nova Zelândia saudaram a decisão de abandonar a caça às baleias na Antártida, mas expressaram decepção pela decisão do Japão se envolver no abate dos mamíferos oceânicos.
A decisão, disseram alguns especialistas, permite ao Japão poupar o dinheiro que gasta para apoiar a caça às baleias na Antártida e ao mesmo tempo adotar uma postura contundente a favor da caça -- uma questão de orgulho nacional para alguns conservadores.
Mas há dúvidas sobre a viabilidade econômica da caça comercial de baleias no Japão, especialmente porque menos pessoas do que nunca estão comendo carne de baleia, argumentaram.
"A partir de julho de 2019, depois que a saída entrar em vigor em 30 de julho, o Japão realizará a caça comercial de baleias dentro do mar territorial do Japão e de sua zona econômica exclusiva, e cessará o abate de baleais no Oceano Antártico/Hemisfério Sul", disse o secretário-chefe de gabinete, Yoshihide Suga, em um comunicado ao anunciar a decisão.
"A caça às baleias será realizada de acordo com a lei internacional e dentro dos limites de abate calculados de acordo com o método adotado pela IWC para evitar um impacto negativo nos recursos cetáceos", disse Suga.
O Japão, que afirma que a maioria das espécies de baleia não está ameaçada e que comê-las é parte de sua cultura, vem fazendo campanha há tempos, e sem sucesso, para a IWC permitir a caça comercial.
O eleitorado de alguns parlamentares influentes inclui comunidades baleeiras, e o distrito eleitoral do primeiro-ministro, Shinzo Abe, sedia o porto baleeiro de Shimonoseki.
A decisão japonesa de se desligar da IWC veio na esteira da rejeição mais recente de uma proposta de Tóquio para retomar a caça comercial em uma reunião de setembro, que Suga disse ter mostrado ser impossível superar as diferenças entre defensores da caça e membros anti-caça.
A retomada da caça comercial é uma decisão incomum para o Japão, que enfatiza o multilateralismo em sua diplomacia, e logo rendeu críticas de grupos ambientalistas e outros que acreditam que todas as baleias deveriam se protegidas.
Em 2014 o Tribunal Penal Internacional determinou que o Japão deveria suspender a caça na Antártida - o que Tóquio fez durante uma temporada, reduzindo o número de animais e espécies visados, mas reiniciou na temporada 2015-2016.