Itália vai distribuir bônus alimentares em meio à pandemia
O anúncio foi feito depois que a polícia teve que mobilizar agentes para vigiar supermercados na Sicília por conta de saques
AFP
Publicado em 28 de março de 2020 às 18h24.
Última atualização em 28 de março de 2020 às 18h31.
O premier da Itália , Giuseppe Conte, anunciou na noite deste sábado que o governo irá distribuir bônus alimentares às pessoas especialmente afetadas pela interrupção da atividade econômica no país por causa da epidemia do novo coronavírus .
O anúncio foi feito depois que a polícia teve que mobilizar agentes para vigiar supermercados na Sicília por conta de saques, também registrados no sul do país.
O governo desbloqueou uma verba de 400 milhões de euros "destinada aos municípios, que deverão distribuí-la entre as pessoas que não tiverem dinheiro para se alimentar", informou o premier durante entrevista coletiva no Palácio Chigi, em Roma. "Isto permitirá emitir bônus alimentares."
"Temos que construir uma rede de solidariedade, ninguém será deixado à própria sorte", prometeu Conte. "Nosso objetivo é garantir liquidez às famílias, empresas e pessoas que trabalham."
A pandemia de Covid-19 acentuou a precariedade em que vive grande parte da população italiana, sobretudo no sul e na Sicília, onde a polícia posicionou agentes neste sábado na frente dos supermercados, para evitar saques.
Bomba social
No Mezzogiorno, sul empobrecido da península, milhões de pessoas vivem do trabalho informal, que não é declarado à Fazenda. Esta população é especialmente vulnerável neste momento, por não poder se beneficiar das medidas tomadas pelo governo italiano para compensar a queda na renda dos trabalhadores.
Depois de quase três semanas de confinamento, parte da população não tem como se alimentar. O "Corriere della Sera", que citou uma possível “bomba social”, afirmou que a polícia vigia as redes sociais e grupos de conversa em que poderiam ser organizadas operações de saque de lojas.
“Temo que a preocupação que cresce entre vários setores da população, com sua saúde, renda e o futuro, acabe se transformando em raiva se a crise se prolongar", declarou ao "La Repubblica" Giuseppe Provenzano, ministro de Coesão Social, encarregado do sul do país.
A pandemia já matou 10.023 pessoas na Itália, que registra 92.472 casos. Bem menos afetada do que outras regiões, na Sicília a Covid-19 matou 57 pessoas (de cerca de 5 milhões), balanço que quase se multiplicou por 10 em uma semana.
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