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Itália chora os imigrantes mortos no naufrágio de Lampedusa

A Itália estava de luto hoje após a morte de cerca de 300 imigrantes africanos no naufrágio de uma embarcação perto da ilha de Lampedusa

Bandeira preta com a palavra "vergonha" colocada no porto de Lampedusa: naufrágio reascendeu o debate sobre as políticas europeias de imigração (Alberto Pizzoli/AFP)

Bandeira preta com a palavra "vergonha" colocada no porto de Lampedusa: naufrágio reascendeu o debate sobre as políticas europeias de imigração (Alberto Pizzoli/AFP)

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Da Redação

Publicado em 4 de outubro de 2013 às 11h43.

Roma - A Itália estava de luto nesta sexta-feira após a morte de cerca de 300 imigrantes africanos no naufrágio de uma embarcação perto da ilha de Lampedusa, o que reascendeu o debate sobre as políticas europeias de imigração.

O papa Francisco afirmou, durante uma missa celebrada nesta sexta-feira em Assis (centro da Itália), a cidade de São Francisco, que "hoje é um dia de lágrimas porque o mundo não se importa se as pessoas fogem da escravidão ou da fome em busca de liberdade".

Segundo as autoridades, o navio afundou perto da ilha dos Coelhos, a 550 metros da ilha de Lampedusa, onde o mar tem uma profundidade de 30 a 45 metros.

A embarcação teria partido da Líbia com 450 a 500 imigrantes a bordo. Apenas 150 foram resgatadas com vida até o momento, o que faz temer um balanço de aproximadamente 300 mortos, incluindo muitas mulheres e crianças.

"Não há mais esperança de encontrar sobreviventes", declarou à AFP um membro da Guarda de Finanças, a polícia financeira que opera neste setor.

As buscas foram temporariamente interrompidas por causa do mau tempo.

Um total de 111 corpos foi encontrado por mergulhadores da guarda-costeira, dentro e nas imediações da embarcação.

Os socorristas temem que muitos corpos tenham sido arrastados para alto-mar pelas correntes marítimas.

"Aqui já não há mais lugar para os vivos nem para os mortos", disse emocionada na quinta-feira a prefeita de Lampedusa, Giusi Nicolini. "É um horror, um horror, não param de trazer corpos", acrescentou.

Tudo parece indicar que a embarcação sofreu uma avaria e, por isso, os imigrantes resolveram acender um fogo para chamar a atenção das autoridades italianas depois de permanecerem por horas em alto-mar.

Mas a embarcação sofreu um incêndio, o que gerou pânico e muitos imigrantes se jogaram ao mar, o que desestabilizou o barco, que virou.


"Era impressionante ver os corpos das crianças afogadas", declarou ao noticiário SKy TG24 Pietro Bartolo, responsável pelo centro de saúde da ilha.

Segundo Bartolo, não há caixões suficientes em Lampedusa, e várias dezenas serão trazidos nesta sexta.

"Passamos a noite a bordo de nosso barco. Ouvimos gritos e nos precipitamos para o ver o que estava acontecendo, e aí nos deparamos com uma situação desesperadora", contou à AFP um comerciante de Lampedusa, Alessandro Marino, um dos primeiros a chegar no local do naufrágio.

"Vimos um mar de cabeças, não conseguíamos puxá-los porque estavam cobertos de óleo", contou à televisão Rafaele Colapinto, um dos pescadores que ajudou na operação de resgate.

Roma decretou luto nacional, com as bandeiras hasteadas a meio mastro.

A maioria dos imigrantes procede de Eritreia e Somália.

O vice-primeiro-ministro italiano, Angelino Alfano, presente em Lampedusa, confirmou à AFP que o piloto do barco foi detido. "É um tunisiano de 35 anos que havia sido expulso da Itália em abril", indicou.

Alfano convocou a União Europeia a ajudar a Itália, afirmando que se trata de um drama europeu, e não apenas italiano.

"Precisamos atuar, na Europa e na África", declarou nesta sexta ante a câmara dos deputados.

"Na Europa é necessário mudar as regras que fazem pesar demais sobre o país de ingresso a carga de imigrantes clandestinos", afirmou.

Várias embarcações lotadas de imigrantes ilegais desembarcaram nesta semana no sul da Itália, entre elas uma na noite de quarta-feira com 463 imigrantes, procedentes, ao que parece, da Síria.

Em 2013, mais de 25.000 imigrantes desembarcaram na costa do sul do país (Sicília e Calábria), ou seja, quase três vezes mais que em todo o ano de 2012.

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