Mundo

Israel prossegue ofensiva em Rafah, Biden culpa Hamas por atraso na trégua

Na fronteira norte entre Israel e Líbano, forças do Hezbollah voltaram a atacar posições militares

Menina e duas mulheres palestinas são fotografadas ao lado de uma estufa em Deir el Balah, centro da Faixa de Gaza, em 13 de junho de 2024 (AFP/AFP)

Menina e duas mulheres palestinas são fotografadas ao lado de uma estufa em Deir el Balah, centro da Faixa de Gaza, em 13 de junho de 2024 (AFP/AFP)

AFP
AFP

Agência de notícias

Publicado em 14 de junho de 2024 às 09h03.

O presidente americano, Joe Biden, afirmou, nesta quinta-feira,13, que o Hamas continua sendo o "maior obstáculo" para um acordo de trégua na Faixa de Gaza, onde Israel continuou bombardeando Rafah, segundo moradores desta cidade no sul do território palestino.

Na fronteira norte entre Israel e Líbano, forças do Hezbollah, grupo apoiado pelo Irã e aliado do Hamas, voltaram a atacar posições militares, ao que Israel declarou que responderia "com força".

"Houve fogo muito intenso (disparado) de aviões de guerra, (helicópteros) Apaches e quadricópteros, bem como de artilharia israelense e navios militares de combate, todos atacando a área a oeste de Rafah", contou um deles à AFP.

Já o grupo islamista palestino Hamas indicou que seus milicianos combatiam soldados israelenses nas ruas da cidade, perto da fronteira com o Egito.

Na Itália, onde participa da cúpula do G7, Biden afirmou que o Hamas continua sendo "o maior obstáculo" para um acordo que permita declarar uma trégua e libertar os reféns em poder do movimento palestino.

"Apresentei um plano que foi apoiado pelo Conselho de Segurança da ONU, pelo G7 e pelos israelenses, e o maior obstáculo até agora é que o Hamas se nega a assiná-lo, apesar de ter apresentado algo similar", disse Biden à imprensa.

Os esforços para obter uma trégua estagnaram quando Israel iniciou a operação terrestre em Rafah, no começo de maio, mas Biden tentou relançá-los no final daquele mês, apresentando uma nova proposta.

Maior obstáculo

A guerra em Gaza eclodiu em 7 de outubro, quando combatentes do Hamas mataram 1.194 pessoas, a maioria civis, e sequestraram outras 251 no sul de Israel, segundo uma contagem da AFP baseada em dados oficiais israelenses.

O Exército de Israel estima que 116 reféns permaneçam cativos em Gaza, embora acredite que 41 deles tenham morrido.

Em retaliação, Israel lançou uma ofensiva que deixou pelo menos 37.232 mortos em Gaza, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do território palestino, governado pelo Hamas desde 2007.

O plano apresentado por Biden inclui um cessar-fogo de seis semanas, a troca de reféns por presos palestinos e a reconstrução de Gaza.

Na terça-feira, o Hamas deu sua resposta aos mediadores internacionais, e o chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, disse, durante visita ao Catar na quarta-feira, que algumas de suas revindicações "são realizáveis, outras não".

Osama Hamdan, alto dirigente do movimento islamista, informou à AFP que as emendas propostas exigem "um cessar-fogo permanente e a retirada completa" das tropas israelenses de Gaza, requisitos que Israel rejeita.

O chefe de governo alemão, Olaf Scholz, disse nesta quinta-feira que os líderes do G7 "pedem ao Hamas em particular que dê o consentimento necessário".

Os Estados Unidos apresentaram a proposta como uma iniciativa israelense, mas o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, cujo governo inclui membros da extrema direita que se opõem fortemente ao acordo, ainda não a apoiou formalmente.

Em Jerusalém, um protesto liderado por estudantes perto do Parlamento israelense instou o governo a garantir um acordo para a libertação dos reféns.

Risco de "expansão da guerra

O Exército israelense informou que suas tropas realizaram "operações direcionadas na área de Rafah", onde encontraram armas e mataram vários militantes "em confrontos corpo a corpo".

Mais de 10 militantes foram mortos no centro de Gaza, acrescentou esta fonte.

Um repórter da AFP relatou ataques e bombardeios em outras partes do território durante a noite, e a Defesa Civil de Gaza afirmou que três corpos foram recuperados de uma casa em Nuseirat (centro), após um ataque israelense.

A Colômbia anunciou que vai receber crianças palestinas feridas em Gaza "para sua reabilitação".

A vice-ministra de Assuntos Multilaterais, Elizabeth Taylor Jay, que deu a notícia, não informou quantos menores serão atendidos, nem quando vão chegar à Colômbia e tampouco especificou como vão ajudá-los a sair de Gaza.

O conflito no território palestino também exacerbou as tensões na fronteira entre Israel e Líbano.

O Hezbollah declarou ter atacado alvos militares em Israel na quarta e na quinta-feira com salvas de foguetes e drones, em retaliação a um ataque israelense que matou um de seus comandantes na terça-feira.

O Exército israelense disse que a maioria dos projéteis foi interceptada e outros causaram incêndios.
"Israel responderá com força a todas as agressões do Hezbollah", declarou o porta-voz do governo, David Mencer.

Durante uma visita do ministro interino das Relações Exteriores do Irã a Bagdá, seu homólogo iraquiano, Fuad Hussein, declarou que a possível "expansão da guerra é um perigo não só para o Líbano, mas para toda a região".

Na Cisjordânia ocupada, onde a violência também aumentou desde o início da guerra, funcionários palestinos declararam que três pessoas morreram em Qabatiya, no norte, durante uma operação militar israelense.

O exército declarou que sua última "operação antiterrorista" se dirigiu contra "dois suspeitos de alto nível procurados".

Acompanhe tudo sobre:Faixa de GazaIsraelHamas

Mais de Mundo

Biden assina projeto de extensão orçamentária para evitar paralisação do governo

Com queda de Assad na Síria, Turquia e Israel redefinem jogo de poder no Oriente Médio

MH370: o que se sabe sobre avião desaparecido há 10 anos; Malásia decidiu retomar buscas

Papa celebrará Angelus online e não da janela do Palácio Apostólico por resfriado