Irmão de Kim Jong-Un chegou envenenado ao hospital, diz médico
O profissional disse que Kim Jong-nam estava com o rosto e olhos vermelhos, vomitando e com sangue na boca quando foi hospitalizado
EFE
Publicado em 3 de outubro de 2017 às 07h48.
Última atualização em 3 de outubro de 2017 às 07h50.
Shah Alam - O médico que atendeu Kim Jong-nam, irmão do líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un , no Aeroporto Internacional de Kuala Lumpur, afirmou nesta terça-feira que a vítima mostrava claros sintomas de envenenamento ao receber assistência.
Durante seu testemunho no tribunal de Shah Alam, no julgamento sobre o crime, o médico Nik Mohamed Adzrul Ariff disse que Kim Jong-nam tinha o rosto e olhos vermelhos, vomitava e estava com sangue na boca quando foi entubado.
Na transferência para o hospital, a vítima caiu inconsciente e pereceu, lembrou o médico a pedido da acusação, na segunda audiência do julgamento, que teve início ontem.
As duas acusadas pelo assassinato, a indonésia Siti Aisyah e a vietnamita Doan Thi Huong, escutaram atenciosamente o relato da testemunha através de tradutores, conforme recomendados pelos advogados de defesa.
As duas mulheres, que ontem se declararam inocentes, podem ser condenadas à pena de morte, caso forem consideradas culpadas durante o processo, que deve chegar ao final em novembro.
A acusação solicitou o depoimento de mais de 100 testemunhas e especialistas com os quais pretende demonstrar a "intenção de matar" das acusadas.
No dia 13 de fevereiro, Kim estava prestes a viajar para Macau, onde residia no exílio, quando duas mulheres lhe atacaram no terminal de partida do aeroporto e esfregaram em seu rosto com o agente nervoso VX, considerado pelas Nações Unidas como uma arma de destruição em massa.
A autópsia realizada por legistas malaios determinou que o cadáver continha resíduos do veneno citado.
O nível de colinesterase (uma enzima que ajuda o sistema nervoso a funcionar adequadamente) no sangue de Kim era muito baixo - 344 - o que é consistente com a reação a um neurotóxico, o patologista que analisou o sangue da vítima, testemunha do dia.
No entanto, o nível da enzima nas acusadas se manteve dentro dos parâmetros normais, rondando as 7 mil unidades.
"Se elas aplicaram o VX, por que seus níveis são normais? Se elas foram expostas, deveriam ter também um número baixo, não é lógico. O que nos leva a conclusão que elas não estiveram expostas ao VX ou um agente neurotóxico", disse Gooi Soon Seng, advogado da indonésia.
A defesa questionou o uso do agente, pois nenhuma das pessoas que tiveram contato direto com o corpo contaminado de Kim sofreu anomalias.
Dois dias após a morte, a acusada vietnamita foi presa quando tentava abandonar o país, no mesmo aeroporto e, no dia seguinte, a indonésia foi detida pelas autoridades em um hotel da capital.
Tanto Doan, como Siti afirmaram durante os interrogatórios com a polícia que elas acreditavam que participavam de uma piada para um programa de televisão e que o suposto veneno era óleo para bebês.
Elas falaram para as autoridades que um grupo de quatro homens, que supostamente orquestrou o incidente, pagou a elas US$ 80 para cada uma por participar da ação que culminou com a morte de Kim.
Os homens, que foram identificados como norte-coreanos pela polícia, deixaram o país mo mesmo dia do assassinato.