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Irlanda celebra Arthur's Day com críticas ao abuso de álcool

Irlanda celebra o Arthur"s Day, festa em homenagem ao fundador da cervejaria Guinness e que gera controvérsia devido ao aumento do consumo de álcool

Copos de cerveja Guinness: tudo começou no dia 24 de setembro de 2009 quando a cerveja escura mais famosa do mundo, a irlandesa Guinness, completou 250 anos (Wikimedia Commons/Wikimedia Commons)
DR

Da Redação

Publicado em 26 de setembro de 2013 às 11h07.

Dublin - A Irlanda celebra nesta quinta-feira a quinta edição do Arthur"s Day, uma festa mundialmente famosa em homenagem ao fundador da cervejaria Guinness e que está gerando cada vez mais controvérsia devido ao aumento do consumo de álcool no país.

Embora não se deva estranhar que qualquer celebração na Irlanda seja regada com grandes quantidades de álcool, até o governo de Dublin interveio nesta situação para mostrar sua preocupação, não só pela imagem nacional, mas também pelas consequências para a saúde .

No ano passado foi registrado na capital um aumento de 30% nas ocorrências noturnas ao serviço de urgência, enquanto mais de duas mil camas hospitalares foram ocupadas por emergências relacionadas com o consumo de álcool.

O secretário de Estado irlandês de Atendimento Primário, Alex White, que tem responsabilidades na área de alcoolismo e dependências químicas, afirmou que o Arthur"s Day se transformou em uma espécie de "falso dia nacional".

O dirigente trabalhista também denunciou que a festividade é uma invenção, uma ferramenta propagandista da Diageo, grande multinacional alimentícia britânica proprietária da Guinness, cujo objetivo é a simples promoção de seus produtos.

Alguns artistas de renome já mostraram ser contrários ao evento como o cantor Christy Moore, que escreveu uma música crítica, e os Waterboys, que falam em uma nova canção de vômitos, pessoas urinando pelas esquinas e hospitais cheios de bêbados.

Não é por acaso, dizem os críticos, que o Arthur"s Day seja celebrado todos os anos em uma quinta-feira, tradicionalmente o dia da semana em que a maioria dos estudantes sai para beber.


Tudo começou no dia 24 de setembro de 2009 quando a cerveja escura mais famosa do mundo, a irlandesa Guinness, completou 250 anos e a Diageo fez uma festa que começou em Dublin e acabou um dia depois em Kuala Lumpur, com paradas em cidades como Lagos, Nova York e Ottawa.

Era celebrado o fato de que, em 1759, Arthur Guinness (1725-1803) assinou um contrato de arrendamento de nove mil anos por 45 libras anuais para construir a fábrica de Saint James"s Gate, em Dublin, a que seria dois séculos e meio depois a cerveja "stout" (escura) mais icônica do planeta.

Em cada cidade, às 17h59 locais, começou uma série de celebrações populares, shows e conferências que serviram de desculpa para brindar com um "sláinte" (saúde, em gaélico) pelo legado de Arthur Guinness.

Foi um sucesso para a multinacional, apesar de poucos imaginarem então que o Arthur"s Day se transformaria em uma festividade fixa no calendário irlandês, similar ao dia de São Patrício, o padroeiro nacional.

A Diageo insiste que sempre aconselha em suas campanhas a "beber com moderação" e este ano seu diretor de relações corporativas na Europa, Peter O"Brien, se comprometeu a passar a noite na sala de urgências de um hospital dublinense para ser testemunha direto das consequências do abuso de álcool.

Em entrevista a uma emissora local, o executivo disse, no entanto, que a responsabilidade pelo abuso de qualquer substância recai na pessoa e não "nos donos de bares ou companhias como a nossa".

Para O"Brien, o Arthur"s Day celebra três coisas: "A marca Guinness, o pub - um símbolo da cultura irlandesa - e a música".

Com os números na mão, os irlandeses não bebem muito mais que os demais europeus, mas sua imagem estereotipada - refletida frequentemente na literatura, no cinema e na música - é a de um povo apegado ao álcool.

Segundo a organização "Alcohol Action Ireland", financiada principalmente pelo Ministério da Saúde, cada irlandês maior de 15 anos consumiu durante 2012 uma média de 11,68 litros de álcool puro, frente aos 10,7 litros dos outros europeus.

Em relação à cerveja, cada irlandês ingeriu durante 2011 86 litros, acima da média europeia, mas longe de outros países como a Alemanha, Áustria e a República Tcheca, onde superaram os 100 litros.

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Dublin - A Irlanda celebra nesta quinta-feira a quinta edição do Arthur"s Day, uma festa mundialmente famosa em homenagem ao fundador da cervejaria Guinness e que está gerando cada vez mais controvérsia devido ao aumento do consumo de álcool no país.

Embora não se deva estranhar que qualquer celebração na Irlanda seja regada com grandes quantidades de álcool, até o governo de Dublin interveio nesta situação para mostrar sua preocupação, não só pela imagem nacional, mas também pelas consequências para a saúde .

No ano passado foi registrado na capital um aumento de 30% nas ocorrências noturnas ao serviço de urgência, enquanto mais de duas mil camas hospitalares foram ocupadas por emergências relacionadas com o consumo de álcool.

O secretário de Estado irlandês de Atendimento Primário, Alex White, que tem responsabilidades na área de alcoolismo e dependências químicas, afirmou que o Arthur"s Day se transformou em uma espécie de "falso dia nacional".

O dirigente trabalhista também denunciou que a festividade é uma invenção, uma ferramenta propagandista da Diageo, grande multinacional alimentícia britânica proprietária da Guinness, cujo objetivo é a simples promoção de seus produtos.

Alguns artistas de renome já mostraram ser contrários ao evento como o cantor Christy Moore, que escreveu uma música crítica, e os Waterboys, que falam em uma nova canção de vômitos, pessoas urinando pelas esquinas e hospitais cheios de bêbados.

Não é por acaso, dizem os críticos, que o Arthur"s Day seja celebrado todos os anos em uma quinta-feira, tradicionalmente o dia da semana em que a maioria dos estudantes sai para beber.


Tudo começou no dia 24 de setembro de 2009 quando a cerveja escura mais famosa do mundo, a irlandesa Guinness, completou 250 anos e a Diageo fez uma festa que começou em Dublin e acabou um dia depois em Kuala Lumpur, com paradas em cidades como Lagos, Nova York e Ottawa.

Era celebrado o fato de que, em 1759, Arthur Guinness (1725-1803) assinou um contrato de arrendamento de nove mil anos por 45 libras anuais para construir a fábrica de Saint James"s Gate, em Dublin, a que seria dois séculos e meio depois a cerveja "stout" (escura) mais icônica do planeta.

Em cada cidade, às 17h59 locais, começou uma série de celebrações populares, shows e conferências que serviram de desculpa para brindar com um "sláinte" (saúde, em gaélico) pelo legado de Arthur Guinness.

Foi um sucesso para a multinacional, apesar de poucos imaginarem então que o Arthur"s Day se transformaria em uma festividade fixa no calendário irlandês, similar ao dia de São Patrício, o padroeiro nacional.

A Diageo insiste que sempre aconselha em suas campanhas a "beber com moderação" e este ano seu diretor de relações corporativas na Europa, Peter O"Brien, se comprometeu a passar a noite na sala de urgências de um hospital dublinense para ser testemunha direto das consequências do abuso de álcool.

Em entrevista a uma emissora local, o executivo disse, no entanto, que a responsabilidade pelo abuso de qualquer substância recai na pessoa e não "nos donos de bares ou companhias como a nossa".

Para O"Brien, o Arthur"s Day celebra três coisas: "A marca Guinness, o pub - um símbolo da cultura irlandesa - e a música".

Com os números na mão, os irlandeses não bebem muito mais que os demais europeus, mas sua imagem estereotipada - refletida frequentemente na literatura, no cinema e na música - é a de um povo apegado ao álcool.

Segundo a organização "Alcohol Action Ireland", financiada principalmente pelo Ministério da Saúde, cada irlandês maior de 15 anos consumiu durante 2012 uma média de 11,68 litros de álcool puro, frente aos 10,7 litros dos outros europeus.

Em relação à cerveja, cada irlandês ingeriu durante 2011 86 litros, acima da média europeia, mas longe de outros países como a Alemanha, Áustria e a República Tcheca, onde superaram os 100 litros.

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