Hamid Aboutalebi em foto sem data postada no site da presidência iraniana: ele garante que não participou dos eventos de 1979 (PRESIDENT.IR/AFP)
Da Redação
Publicado em 12 de abril de 2014 às 11h49.
Teerã - O Irã se negou neste sábado a escolher outro embaixador nas Nações Unidas, depois dos Estados Unidos recusarem o visto de Hamid Abutalebi, por seu suposto papel no sequestro de reféns na embaixada americana em Teerã em 1979.
A revolução de 1979 derrubou o regime do Xá Mohamad Reza Pahlavi, aliado de Washington, e motivou a ruptura na relação entre os dois países.
No entanto, esse novo incidente ocorre em um momento de aproximação, que começou ano passado, depois da eleição do presidente iraniano Hasan Rohani.
As grandes potências negociam com o Irã o seu programa nuclear, que levanta suspeitas de ter como finalidade a construção de uma bomba atômica. Os dois lados chegaram a um acordo preliminar em novembro, em Genebra.
Na sexta-feira, os Estados Unidos anunciaram que não iam autorizar o visto do novo embaixador iraniano na ONU, Hamid Abutalebi.
"Informamos às Nações Unidas e ao Irã que não daremos o visto ao senhor Abutalebi", declarou Jay Carney, porta-voz da Casa Branca.
O Senado americana já havia demonstrado sua oposição a nomeação em dia 7 de abril.
Nesse sábado, Teerã não aceitou designar outra pessoa. "Não vamos apresentar uma alternativa", afirmou o vice-ministro de Relações Exteriores, Abas Araqchi, à agência Mehr, explicando que seu país iria agir "com os mecanismo legais da ONU".
Em teoria, os Estados Unidos são obrigados a fornecer vistos a todos os diplomatas da ONU, sediada em Nova York, e nunca negaram uma autorização antes. O Irã, entretanto, já trocou um candidato a embaixador em 1990.
Hamid Abutalebi, classificado pelo chanceler Mohamad Javad Zarif como "um de nossos diplomatas mais experientes e racionais", garante que não participou dos eventos de 1979, quando estudantes iraniano ocuparam a embaixada americana na capital.
Abutalebi só admite ter trabalhado como intérprete, para ajudar a libertar quem estava preso na embaixada.
O diplomata já ocupou cargos nas representações do país na Austrália, na Bélgica e na Itália, e é considerado próximo dos setores reformistas de seu país, incluindo do presidente Rohani.
O senador democrata americano, Charles Schumer, elogiou a atitude do governo. Sua "nomeação teria sido um golpe em todos os americanos vítimas de terrorismo, e não só nos reféns de 1979", declarou.
Enquanto isso, Carney avaliou que não há razão para esse incidente ter o menor impacto nas negociações sobre o programa nuclear iraniano.