Irã pode rever enriquecimento a 20% de urânio
Brasília - Sob pressão da comunidade internacional, o Irã sinalizou hoje (29) que analisa a hipótese de rever a decisão de enriquecimento do urânio a 20%, se forem dadas garantias de que haverá quantidade suficiente para abastecer os reatores destinados a pesquisas no país. A afirmação é do chefe da Organização de Energia Atômica do […]
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h42.
Brasília - Sob pressão da comunidade internacional, o Irã sinalizou hoje (29) que analisa a hipótese de rever a decisão de enriquecimento do urânio a 20%, se forem dadas garantias de que haverá quantidade suficiente para abastecer os reatores destinados a pesquisas no país. A afirmação é do chefe da Organização de Energia Atômica do Irão (Oeai), Ali Akbar Salehi. De acordo com ele, o governo iraniano está aberto a propostas.
As informações são da rede estatal de televisão do Irã, a PressTV. "O enriquecimento é um direito que temos com base no Tratado de Não Proliferação Nuclear [TNP] e no determinado pela Aiea [Agência Internacional de Energia Atômica]. Mas não significa que queremos enriquecer todas as reservas a 20%, uma vez que as necessidades do reator de Teerã de combustível são limitadas", disse Salehi.
De acordo com Salehi, o governo do Irã está aberto a propostas: "Estamos preparados para analisar as ofertas". Em seguida, ele lembrou que o tema deverá ser objeto de uma reunião a ser marcada em setembro, depois do período religioso do Ramadã.
No último domingo (25), os ministros das Relações Exteriores do Irã, do Brasil e da Turquia conversaram sobre a retomada das negociações em torno de um acordo, em Istambul, na Turquia. A conversa ocorreu no momento em que o Irã é alvo de uma série de medidas restritivas impostas pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas, pelos Estados Unidos, pelo Canadá e pela União Europeia.
As restrições atingem diretamente as áreas comercial e militar do Irã. A iniciativa é uma punição ao governo iraniano pela suspeita de que haja produção de armas atômicas no país.
Em 17 de maio, os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e o iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, além do primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, fecharam um acordo para tentar encerrar o impasse sobre o programa nuclear.
Pelo acordo, o Irã envia 1,2 tonelada de urânio enriquecido a 3,5% para a Turquia. Em troca, no prazo de até um ano, receberá 120 quilos do produto enriquecido a 20%. Porém, a maior parte da comunidade internacional rejeitou o acordo optando pela adoção de sanções ao Irã, sob a alegação que o programa nuclear iraniano esconde a produção de armas atômicas.
Porém, o governo do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, nega todas as suspeitas. O presidente e assessores informam que o programa nuclear iraniano tem fins pacíficos. Há planos para o uso do produto na fabricação de medicamentos e geração de energia. Mas os Estados Unidos e parte da comunidade internacional não confiam nas informações.