O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, em Teerã (KHAMENEI.IR/AFP/Arquivos)
Da Redação
Publicado em 26 de outubro de 2015 às 17h16.
O Irã se mostrou, pela primeira vez, mais aberto a discutir sobre direitos humanos e, em particular, a draconiana aplicação da pena de morte neste país, indicou nesta segunda-feira o especialista em direitos humanos da ONU.
Mas além da vontade política manifesta por Teerã de discutir as preocupações da ONU, o Irã não adotou medidas concretas, declarou a jornalistas Ahmed Shaheed, representante especial da ONU para os direitos humanos no Irã.
Shaheed, no cargo desde 2011, deve apresentar esta semana seu informe anual a respeito do Irã, sobre o qual antecipou que será "um pouco mais otimista" do que o do ano passado.
"Principalmente porque constato de parte do Irã uma maior vontade de debater comigo e com a ONU", destacou.
Pela primeira vez, Shaheed se reuniu no mês passado com membros das forças de segurança e do sistema judicial do Irã para analisar a guerra contra as drogas no país, que explica em parte o forte aumento das execuções.
Mais de 800 pessoas foram executadas este ano e o Irã poderia chegar às mil execuções até o final de 2015, o número mais alto em anos.
O Irã não deu nenhum sinal de que fará mudanças na questão, alertou o representante da ONU, que não está autorizado a visitar o país.
Em seu informe, Shaheed também criticou a prisão de jornalistas ou os retrocessos no campo dos direitos das mulheres.
O relatório será o primeiro desde que o Irã e as grandes potências alcançaram, em meados de julho, um acordo que impediria ao Irã desenvolver uma arma nuclear, em troca de uma suspensão das sanções econômicas contra o país.
"O acordo nuclear alcançado este ano traz oportunidades para avançar no campo dos direitos humanos", sustentou Shaheed.