Inspetores da AIEA e técnicos iranianos, na central nuclear de Natanz: partes também não deixaram claro se algum progresso foi feito (Kazem Ghane/AFP)
Da Redação
Publicado em 12 de maio de 2014 às 20h58.
Viena - A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e o Irã encerraram uma reunião de três horas nesta segunda-feira sem anunciar nenhuma nova ação para ajudar a apaziguar os temores com as atividades atômicas de Teerã, nem deixar claro se algum progresso foi feito.
Ao contrário do habitual, nenhum lado fez qualquer comentário depois das conversas na sede da agência nuclear da Organização das Nações Unidas (ONU), em Viena, às vésperas do prazo de 15 de maio para o Irã dar informações sobre os detonadores que podem ser usados para disparar um dispositivo explosivo atômico.
As partes tampouco disseram quando irão se reencontrar.
A falta de um resultado claro pode decepcionar os diplomatas ocidentais, que querem que o Irã aja muito mais rápido para responder às suspeitas sobre pesquisas passadas de uma bomba atômica. Teerã nega tais atividades.
O encontro aconteceu um dia antes de o Irã e seis potências mundiais iniciarem uma nova rodada de negociações, também na capital austríaca, sobre um acordo diplomático abrangente a respeito da disputa que já dura uma década.
Nos termos de um acordo de transparência e cooperação firmado com a AIEA em novembro, o Irã deveria adotar sete medidas de um processo escalonado até 15 de maio para explicitar o seu programa nuclear, que o Ocidente teme almejar o desenvolvimento de uma bomba atômica.
Fontes diplomáticas disseram à Reuters nesta segunda-feira que a AIEA buscava maior esclarecimento do Irã sobre uma destas etapas, relacionada aos detonadores de ação rápida que podem ter uso tanto militar quanto civil.
O Irã afirma já ter implementado as sete medidas, incluindo o acesso a dois depósitos de urânio, mas as fontes deram a entender que a AIEA ainda queria mais informação sobre os detonadores.
A maneira como o Irã responde às dúvidas sobre o desenvolvimento deste tipo de equipamento é considerada um indicativo importante da sua disposição de cooperar totalmente com uma investigação da AIEA a respeito de atividades passadas suspeitas e relevantes para a criação de armas nucleares.
O Irã diz que as alegações de tais atividades não têm fundamento, mas se ofereceu a esclarecer as suspeitas junto à agência da ONU.
As fontes diplomáticas disseram que, no fim de abril, os iranianos deram uma explicação sobre os detonadores, que afirmam não serem para uso nuclear, e que a AIEA pediu mais detalhes.
Segundo as fontes, a AIEA também quis fechar um acordo com Teerã sobre novas medidas a serem adotadas depois de 15 de maio, na esperança de que abordem outros temas delicados ligados ao que a agência classifica como possíveis dimensões militares do programa nuclear do Irã.
As conversas do Irã com a AIEA e com grandes potências estão intimamente conectadas, já que ambas se concentram nos temores de que os iranianos podem estar buscando em segredo o desenvolvimento de armas nucleares.
O Irã afirma que seu programa de enriquecimento de urânio é somente um projeto de energia para fins pacíficos.
Diplomatas ocidentais dizem que o Irã deve começar a se comprometer com a investigação da AIEA e que isso é essencial para o sucesso das conversas das potências com Teerã com vistas a um acordo até o fim de julho.
O Irã quer o fim das sanções que afetam severamente sua economia dependente do petróleo.
Depois de anos de impasse com o Ocidente, a eleição do pragmático Hassan Rouhani como presidente no ano passado criou um novo ambiente, mais inclinado à resolução de desavenças pela via diplomática.
Mas os diplomatas dizem que o Irã e as potências – Estados Unidos, França, Alemanha, Rússia, China e Grã-Bretanha – continuam distantes sobre os termos de um acordo de longo prazo para resolver a disputa e dissipar o temor de uma nova guerra no Oriente Médio.
Texto atualizado às 20h57min, com mais informações.