Mundo

O Irã vai fabricar armas nucleares? País vai enriquecer urânio a 60%

O anúncio foi feito pouco antes da retomada das conversas em Viena sobre o acordo nuclear de 2015 do Irã com grandes potências

Imagem de satélite da instalação nuclear iraniana de Natanz registrada na semana passada (Maxar Technologies/Divulgação/Reuters)

Imagem de satélite da instalação nuclear iraniana de Natanz registrada na semana passada (Maxar Technologies/Divulgação/Reuters)

FS

Fabiane Stefano

Publicado em 13 de abril de 2021 às 15h26.

Última atualização em 13 de abril de 2021 às 16h07.

O Irã começará a enriquecer urânio a 60%, afirmou nesta terça-feira, 13, o vice-ministro das Relações Exteriores e um dos principais negociadores nucleares do país, Abbas Araqchi. O anúncio ocorre dois dias depois de uma explosão na instalação nuclear de Natanz, uma das mais importantes do país, que o governo iraniano atribuiu a uma sabotagem provocada por Israel.

Mais cedo nesta terça-feira, o ministro das Relações Exteriores Mohammad Javad Zarif afirmou que o ataque à instalação de Natanz foi "uma aposta muito ruim" que fortalecerá a posição do Irã nas conversas de retomada do pacto nuclear de 2015.

O anúncio, que ocorre pouco antes das conversas em Viena para ressuscitar o acordo do Irã com grandes potências, levantou preocupações sobre as futuras negociações para limitar a capacidade de Teerã de produzir uma arma nuclear. Até o momento, o Irã enriquecia urânio com até 20% de pureza. A nova meta de 60% colocaria o país um passo mais próximo de atingir níveis usados em armas nucleares, que exigem o enriquecimento com cerca de 90% de pureza.

Na semana passada, o Irã e potências globais realizaram o que descreveram como conversas "construtivas" para salvar o pacto do qual o ex-presidente norte-americano Donald Trump retirou os Estados Unidos três anos atrás. Assinado pela primeira vez pelos EUA, Irã e países europeus, o pacto visava restringir o programa nuclear do Irã em troca de flexibilização de algumas sanções.

O acordo havia sigo desgastado com as violações dos limites de enriquecimento de urânio pelo Irã em reação a sanções de Trump. Ele estabelecia um teto de pureza de 3,67%. Nos últimos meses, o país elevou o enriquecimento ao nível de pureza de 20%.

Segundo o The Wall Street Journal, a nova decisão do Irã aumenta ainda mais a pressão sobre um possível retorno dos EUA ao acordo nuclear.

O porta-voz da Organização de Energia Atômica do Irã Behrouz Kamalvandi disse à agência de notícias estatal que os preparativos para o programa de enriquecimento avançado começarão ainda nesta terça na instalação em Natanz. Oficiais não deram uma previsão de quanto tempo demorará até que se consiga atingir a meta anunciada.

O chefe da agência de energia atômica do Irã, Ali Akbar Salehi, afirmou que centrífugas mais sofisticadas substituiriam em breve as destruídas no ataque e que os sistemas de energia elétrica seriam rapidamente restaurados nos próximos dias.

Acompanhe tudo sobre:Armas nuclearesEstados Unidos (EUA)UrânioUsinas nucleares

Mais de Mundo

Yamandú Orsi, da coalizão de esquerda, vence eleições no Uruguai, segundo projeções

Mercosul precisa de "injeção de dinamismo", diz opositor Orsi após votar no Uruguai

Governista Álvaro Delgado diz querer unidade nacional no Uruguai: "Presidente de todos"

Equipe de Trump já quer começar a trabalhar em 'acordo' sobre a Ucrânia