Mundo

Irã abre um "novo caminho" com o mundo após acordo nuclear

Acordo do Irã com potências do Grupo 5+1 sobre seu programa nuclear foi recebido como um triunfo no país e interpretado como um trampolim para a mudança


	Ministros tiram foto para celebrar acordo nuclear com o Irã
 (REUTERS/Leonhard Foeger)

Ministros tiram foto para celebrar acordo nuclear com o Irã (REUTERS/Leonhard Foeger)

DR

Da Redação

Publicado em 14 de julho de 2015 às 15h43.

Teerã - O Irã abriu nesta terça-feira um "novo caminho" em suas relações com a comunidade internacional, particularmente com Ocidente, após o anúncio do acordo alcançado com as potências do Grupo 5+1 sobre seu programa nuclear, recebido como um triunfo no país e interpretado como um trampolim para a mudança.

Após 13 anos de desencontros, o pacto de Viena entre os negociadores iranianos e seus pares de EUA, Rússia, China, Reino Unido, França e Alemanha despertou na República Islâmica uma sensação de satisfação, particularmente entre os setores moderados e reformistas.

Eles haviam depositado muitas esperanças no acordo e principalmente no governo de Hassan Rohani, o grande vencedor interno.

Ainda falta a aprovação do líder supremo Ali Khamenei, cuja palavra é sempre a última em qualquer assunto político e religioso do país, mas ela é dada por certa levando em conta seu apoio contínuo às negociações nucleares, e o acordo promete mudar substancialmente a realidade política no país.

Essa foi a avaliação do próprio Rohani, que em um longo pronunciamento ao vivo na televisão pública disse que o histórico dia de hoje não era o final de nada, mas o começo "de um novo movimento, um novo regozijo, uma nova esperança, um futuro melhor para os jovens, um movimento mais acelerado para o crescimento e para o desenvolvimento de nosso país".

Rohani, um clérigo xiita moderado que assumiu o poder em agosto de 2012 com as promessas explícitas de conseguir uma solução para a questão nuclear de seu país, de reconduzir as relações do Irã com o mundo e melhorar sua situação econômica se mostrou muito satisfeito com esta conquista, que foi baseada, segundo ele, na premissa de que "todos ganhem".

Nesse sentido, o presidente apresentou o acordo como um triunfo da diplomacia iraniana que conseguiu preservar todos os "objetivos e linhas vermelhas" traçadas antes de se sentarem à mesa de negociações.

Assim, o Irã conseguiu "que as grandes potências anunciassem que todas as sanções serão eliminadas, que cancelarão todas as resoluções cruéis e começarão relações normais, laços com o Irã".

Nesse sentido, Rohani indicou que seu país está disposto a cumprir completamente sua parte do pacto nuclear sempre que "a outra parte" também cumprir suas promessas.

O entusiasmo de Rohani pelo pacto foi acompanhado pela imensa maioria da imprensa e dos analistas políticos do país, que elogiaram o trabalho dos negociadores, particularmente do ministro das Relações Exteriores, Mohamad Javad Zarif.

Chamou a atenção hoje foi precisamente a ausência de críticas ao acordo, que não foram vistas nem entre os habitualmente loquazes representantes dos setores mais conservadores à qualquer aproximação do parlamento iraniano com o ocidente.

Na rua as opiniões foram mais diversas, embora sempre em uma escala que ia da indiferença à mais completa satisfação, já que pouquíssimas pessoas se mostraram contrárias ao acordo.

"Estou muito contente pelo acordo, mas espero que seja algo verdadeiro, que solucione problemas reais do povo iraniano. Que as duas partes realmente cumpram sua parte, e eu mesma suspeite que vão", disse Neguin, uma jovem iraniana à Agência Efe.

Mais entusiasmada estava Maryam, uma senhora idosa que considerou que o pacto será "o melhor para todos, para o país, para o futuro dos meninos".

"Se abrirão as passagens, melhorarão os laços entre os países e povos dos países, portanto eu acho que em geral a comunicação é algo bom", disse.

No entanto, várias pessoas consultadas pela Efe, que não quiseram se identificar, foram mais críticas e assinalaram que apesar do acordo ser correto, só beneficiará o governo e a parte da população que já têm laços com o Ocidente, e que será difícil solucionar os problemas da maioria dos iranianos. 

Acompanhe tudo sobre:acidentes-nuclearesAlemanhaÁsiaChinaEnergiaEnergia nuclearEstados Unidos (EUA)EuropaFrançaInfraestruturaIrã - PaísPaíses ricosReino UnidoRússiaTerrorismoUsinas nucleares

Mais de Mundo

Pelo menos seis mortos e 40 feridos em ataques israelenses contra o Iêmen

Israel bombardeia aeroporto e 'alvos militares' huthis no Iêmen

Caixas-pretas de avião da Embraer que caiu no Cazaquistão são encontradas

Morre o ex-primeiro-ministro da Índia, Manmohan Singh, aos 92 anos