"O Brasil está de volta", reforçou Lula durante a visita (Ricardo Stuckert/PR/Divulgação)
Agência
Publicado em 30 de agosto de 2023 às 17h27.
Um relatório sobre investimentos chineses no Brasil, elaborado pelo Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC), divulgado nesta terça-feira, 29, mostra que os investimentos confirmados da China no Brasil tiveram uma queda expressiva de 78% em 2022, em relação a 2021. Segundo o relatório, o valor total chegou a US$1,3 bilhão, o menor desde 2009. No ano passado esse valor foi de US$5,9 bilhões. Por outro lado, segundo o CEBC, o número de projetos chegou a 32, com aumento de 14% em relação a 2021. “Essa soma estabeleceu um novo recorde histórico, superando o pico registrado em 2018”, diz o documento.
A pesquisa foi elaborada por Tulio Cariello, Diretor de Conteúdo e Pesquisa do CEBC. Conforme análise no documento, o menor investimento não reflete o desinteresse das empresas chinesas em investir no Brasil. “Apesar da queda no valor investido, a soma de 40 projetos anunciados ou confirmados – seja por meio de novos projetos ou da manutenção ou expansão de empreendimentos já estabelecidos – foi a segunda maior da série histórica, ficando atrás apenas de 2018, quando o número chegou a 41”, diz. Segundo o documento, “a diferença de valor entre projetos anunciados e confirmados é explicada pelo fato de alguns investimentos particularmente intensivos em capital necessitarem de uma série de licenças para o início de suas operações, o que eventualmente pode adiar sua execução.”
O relatório aponta que, apesar de os chineses terem diminuído o investimento no Brasil no ano passado, os aportes feitos por estrangeiros, no geral, cresceram 95%, segundo o Banco Central, com aportes que chegaram a US$90,6 bilhões. A UNCTAD indicou um aumento de 69%, com soma de US$86 bilhões.
O setor de eletricidade teve o maior número de projetos confirmados, respondendo por 50% dos empreendimentos chineses no Brasil em 2022. O segmento de eletricidade também liderou os investimentos em termos de valor aportado, com participação de 45%.
Na sequência de projetos confirmados, vem as áreas de Tecnologia da Informação (25%), fabricação de veículos automotores (6%), obras de infraestrutura (6%), agricultura e serviços relacionados (6%), fabricação de têxteis (3%) e fabricação de materiais para uso médico e odontológico (3%).
Em relação ao valor aportado, depois do setor de eletricidade, vem a fabricação de veículos automotores (28%), fabricação de têxteis (11%), agricultura e serviços relacionados (8%), Tecnologia da Informação (4%) e obras de infraestrutura (3%). Os demais setores tiveram participações que não ultrapassaram 3% em análise individual.
Do total de 22 empresas chinesas que investiram ou anunciaram aportes no Brasil no ano passado, oito eram estreantes que não tinham atividades produtivas no país.
As iniciativas greenfield – nas quais novas operações foram estabelecidas, incluindo a construção de fábricas e a expansão de negócios adquiridos em anos anteriores – predominaram no modo de ingresso dos investimentos chineses no país em 2022, respondendo por 59% do número de projetos e por 54% do valor aportado.
A frente como destino da maior parte dos projetos chineses no Brasil está o Sudeste, com 25 empreendimentos, 66% do total. Com cinco projetos cada, o Centro-Oeste e o Nordeste ficaram em segundo lugar, com participações individuais de 13%. O Sul atraiu três, ficando com fatia de 8%.
São Paulo liderou a atração de aportes chineses, com participação de 45%. O estado foi seguido por Minas Gerais (21%), Paraná (8%), Goiás (8%), Piauí (5%), Ceará (5%), Paraíba (3%), Mato Grosso (3%) e Mato Grosso do Sul (3%).
O Brasil lidera os recebimentos de investimento chineses na América do Sul, com 48% do valor investido em projetos, seguido do Peru (17%), Argentina (13%), Chile (11%), Colômbia e Equador (4% cada), e Venezuela (3%).