O austríaco Wolfgang Priklopil: ele se suicidou quando a regém conseguiu escapar, em 2006 (AFP)
Da Redação
Publicado em 15 de abril de 2013 às 12h58.
Viena - O austríaco Wolfgang Priklopil, que sequestrou Natascha Kampusch quando ela tinha 10 anos e a privou de sua liberdade por oito, agiu, muito provavelmente, sozinho, considerou nesta segunda-feira uma comissão a cargo de reexaminar o caso.
Esta investigação do processo, iniciada em julho de 2012 por uma equipe que inclui especialistas do Escritório Federal de Investigações americano (FBI) e da polícia criminal federal alemã (BKA), devia, em particular, estabelecer a existência de um cúmplice.
"Wolfgang Priklopil agiu sozinho no sequestro, há uma alta probabilidade", declarou o presidente da BKA, Jörg Ziercke, em uma coletiva de imprensa em Viena na qual foi publicado o relatório final.
Sequestrada quando ia para a escola no dia 2 de março de 1998, Natascha Kampusch, que hoje tem 25 anos, foi mantida refém durante oito anos e meio antes de conseguir escapar, no dia 23 de agosto de 2006. Seu sequestrador, Wolfgang Priklopil, se suicidou no mesmo dia.
A comissão de avaliação se "pronunciou claramente a favor da teoria do autor único", acrescentou Jorg Ziercke, que informou que "não foi possível estabelecer, apesar das importantes buscas", vínculos entre o sequestrador e os ambientes sadomasoquistas, de prostituição ou de pedofilia.
O testemunho de uma jovem que havia visto duas pessoas quando Kampusch foi sequestrada era subjetivamente confiável, segundo Ziercke, mas havia "objetivamente se equivocado". A jovem confundiu o veículo do sequestrador com outro que viu mais tarde em um cruzamento, no qual estavam dois passageiros.
O relatório final informa, no entanto, sobre "erros em algumas etapas da investigação".
A comissão realizou 84 interrogatórios, mas não voltou a ouvir Natascha Kampusch ou Ernst Holzapfel, agente imobiliário amigo de Priklopil.
A procuradoria de Viena já havia excluído a atuação de um cúmplice em janeiro de 2010, após uma investigação de 15 meses, mas em sua autobiografia "3.096 Tage" (3.096 dias), publicada em setembro de 2010, Kampusch havia criticado a polícia e a ausência de resultados na investigação.
Em novembro de 2011, a justiça austríaca livrou de qualquer suspeita a procuradoria de Viena, abandonando a investigação contra cinco magistrados a cargo do caso suspeitos de negligência.
Uma comissão de investigação parlamentar criada pelos ministérios austríacos de Justiça e de Interior havia recomendado em junho de 2012 a revisão do caso.