Exame Logo

"Intocáveis" exigem justiça após morte de 2 crianças

De acordo com as primeiras investigações, 11 homens queimaram a casa da família enquanto os moradores dormiam

Protesto: as crianças, de nove meses e dois anos, não sobreviveram e as autoridades estudam a hipótese de um crime por disputa entre castas (Daniel Berehulak/Getty Images)
DR

Da Redação

Publicado em 21 de outubro de 2015 às 12h49.

Nova Délhi - Milhares de dalits, considerados os "intocáveis", se manifestaram nesta quarta-feira no norte da Índia para exigir justiça pela morte de duas crianças dessa comunidade, que foram queimadas vivas em um incêndio supostamente provocado por membros de uma casta superior.

Na cidade de Sonped, a cerca de 40 quilômetros de Nova Délhi, onde ocorreram os fatos na madrugada de ontem, os "intocáveis" fecharam a estrada com os corpos das duas crianças, que a família decidiu não cremar - como determina a tradição hindu - até que os culpados sejam presos.

De acordo com as primeiras investigações, 11 homens queimaram a casa da família enquanto os moradores dormiam.

As crianças, de nove meses e dois anos, não sobreviveram, enquanto o pai e a mãe foram transferidos ao hospital com queimaduras. As autoridades estudam a hipótese de um crime por disputa entre castas.

O vice-presidente do Partido do Congresso, Rahul Gandhi, foi hoje à cidade e com o pai das vítimas para protestar com os membros da comunidade.

"São frágeis e pobres, por isso são tratados assim. Este não é o governo dos frágeis", escreveu no Twitter o líder do principal partido da oposição.

Os protestos se repetiram em outros pontos do norte do país. Em Nova Délhi, associações e membros desta comunidade se manifestaram na frente da sede do governo do estado de Haryana, onde as duas crianças moravam.

"Agora queimaram e assassinaram brutalmente duas crianças. A situação ultrapassou todos os limites e esta é a gota d'água. Vamos lutar todos juntos porque estes casos contra minorias, mulheres, famílias 'dalits' e pobres estão aumentando constantemente", disse à Agência Efe a secretária-geral da Associação Democrática de Mulheres de Toda a Índia (AIDWA), Jagmati Sangwan.

Os manifestantes gritaram palavras de ordem e carregaram cartazes com frases como "Justiça para Vaibhav e Divya", os nomes das crianças mortas, e "Chega de matar os intocáveis" e protestaram contra o governo estadual do Bharatiya Janata Party (BJP), do primeiro- ministro Narendra Modi.

O governo de Haryana criou uma equipe especial para investigar o incidente e anunciou que quatro pessoas foram presas, além de tomar medidas contra vários membros da polícia.

"Suspendemos três policiais por considerar que houve distração", disse o subdiretor-geral da Polícia de Haryana, Mohammad Akil, ao explicar que os agentes que estavam no posto de controle da região receberam uma punição semelhante, da mesma forma que outro oficial envolvido.

Ao todo, 16% da população indiana faz parte da casta "dalit". Essas pessoas são consideradas sujas e as responsáveis por realizar os trabalhos menos nobres. Apesar da proibição das castas na Constituição de 1947, a marginalização continua acontecendo.

Veja também

Nova Délhi - Milhares de dalits, considerados os "intocáveis", se manifestaram nesta quarta-feira no norte da Índia para exigir justiça pela morte de duas crianças dessa comunidade, que foram queimadas vivas em um incêndio supostamente provocado por membros de uma casta superior.

Na cidade de Sonped, a cerca de 40 quilômetros de Nova Délhi, onde ocorreram os fatos na madrugada de ontem, os "intocáveis" fecharam a estrada com os corpos das duas crianças, que a família decidiu não cremar - como determina a tradição hindu - até que os culpados sejam presos.

De acordo com as primeiras investigações, 11 homens queimaram a casa da família enquanto os moradores dormiam.

As crianças, de nove meses e dois anos, não sobreviveram, enquanto o pai e a mãe foram transferidos ao hospital com queimaduras. As autoridades estudam a hipótese de um crime por disputa entre castas.

O vice-presidente do Partido do Congresso, Rahul Gandhi, foi hoje à cidade e com o pai das vítimas para protestar com os membros da comunidade.

"São frágeis e pobres, por isso são tratados assim. Este não é o governo dos frágeis", escreveu no Twitter o líder do principal partido da oposição.

Os protestos se repetiram em outros pontos do norte do país. Em Nova Délhi, associações e membros desta comunidade se manifestaram na frente da sede do governo do estado de Haryana, onde as duas crianças moravam.

"Agora queimaram e assassinaram brutalmente duas crianças. A situação ultrapassou todos os limites e esta é a gota d'água. Vamos lutar todos juntos porque estes casos contra minorias, mulheres, famílias 'dalits' e pobres estão aumentando constantemente", disse à Agência Efe a secretária-geral da Associação Democrática de Mulheres de Toda a Índia (AIDWA), Jagmati Sangwan.

Os manifestantes gritaram palavras de ordem e carregaram cartazes com frases como "Justiça para Vaibhav e Divya", os nomes das crianças mortas, e "Chega de matar os intocáveis" e protestaram contra o governo estadual do Bharatiya Janata Party (BJP), do primeiro- ministro Narendra Modi.

O governo de Haryana criou uma equipe especial para investigar o incidente e anunciou que quatro pessoas foram presas, além de tomar medidas contra vários membros da polícia.

"Suspendemos três policiais por considerar que houve distração", disse o subdiretor-geral da Polícia de Haryana, Mohammad Akil, ao explicar que os agentes que estavam no posto de controle da região receberam uma punição semelhante, da mesma forma que outro oficial envolvido.

Ao todo, 16% da população indiana faz parte da casta "dalit". Essas pessoas são consideradas sujas e as responsáveis por realizar os trabalhos menos nobres. Apesar da proibição das castas na Constituição de 1947, a marginalização continua acontecendo.

Acompanhe tudo sobre:ÁsiaCriançasÍndiaMortes

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Mundo

Mais na Exame