Inmet: chuva em Nova Friburgo foi a maior da história da cidade
Segundo a meteorologista do instituto, "catástrofe era inevitável" na região serrana do Rio
Da Redação
Publicado em 19 de janeiro de 2011 às 09h51.
Rio de Janeiro - As chuvas que atingiram a região serrana do Rio na última semana estão entre as mais intensas já registradas na localidade e as de maior índice pluviométrico da história de Nova Friburgo, a cidade mais afetada. Em Petrópolis e Teresópolis, no entanto, o índice ficou abaixo dos recordes anteriores. A informações são da chefe da Seção de Previsão do Tempo do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) no Rio de Janeiro, Marlene Leal.
Segundo a meteorologista, em razão da intensidade pluviométrica das chuvas e da abrangência das áreas onde elas ocorreram a “catástrofe era inevitável”. “Na proporção e na intensidade com que as chuvas caíram não havia como evitar que uma tragédia acontecesse. Eu confesso que a proporção atingida – em uma área tão extensa, região montanhosa, de vale, aliada àquelas cabeças d'água que se formaram descendo em velocidade montanha abaixo em uma área imensa – me surpreendeu.”
Somente em Nova Friburgo a concentração pluviométrica chegou a 182,8 milímetros em um período de apenas 24 horas. Ela explicou à Agência Brasil que ocorreram três momentos de chuva forte em Friburgo: entre as 4h e as 5h choveu 30 milímetros, em seguida, houve outra pancada de chuva que concentrou 60 milímetros e, na sequência, mais 18 milímetros.
“E depois a chuva continuou até chegar, em um período de 24 horas, aos 182,6 milímetros de concentração pluviométrica, um recorde – o maior volume pluviométrico da história de Friburgo desde que os registros são feitos. É preciso lembrar, ainda, que já havia ocorrido uma chuva na véspera de mais de 90 milímetros, o que já havia deixado o solo encharcado”, explicou.
De acordo com a meteorologista, o recorde anterior em Nova Friburgo havia sido de 113 milímetros em um período de 24 horas, registrado em 24 de janeiro de 1964. “Acho que a extensão abrangida pela chuva é que foi um dos principais problemas. Por isso, a proporção da catástrofe foi imensa. Dificilmente se poderia evitar o que aconteceu diante da intensidade da chuva. A gente passou o aviso, mas não esperávamos que fosse nas proporções que atingiu.”
A formação do relevo da região também contribuiu para a catástrofe. “O volume pluviométrico altíssimo levou a formação daquelas cabeças d’água. Aliadas à topografia da região e a ocupação desordenada em algumas regiões, e que não é coisa de agora, não haveria nenhum aviso meteorológico ou alerta da Defesa Civil que resolvesse o problema.”
O Inmet, segundo ela, não tem autoridade para divulgar alertas meteorológicos – um papel da Defesa Civil, de acordo com a especialista. Ao Inmet cabe divulgar Aviso Meteorológico Especial com a previsão e as possibilidades de chuva de maior ou menor intensidade.
Ela garantiu que na tarde do dia 11 o Aviso Meteorológico continha dois informes: um com a possibilidade de chuvas moderadas a forte, atingindo a divisa de Minas Gerais com o Rio de Janeiro, a região serrana, o Vale do Paraíba e a região do litoral sul da Costa Verde. O outro enfocava justamente a possibilidade da ocorrência de um acumulado significativo de chuva. “O que para nós significa um volume pluviométrico acima de 100 milímetros em um determinado período de tempo relativamente curto.”
A meteorologista diz que é preciso lembrar que, no final do ano - quando as pessoas estavam preocupadíssimas com o tempo para a noite do dia 31 – O Inmet alertou a população sobre a preocupação com as chuvas dos primeiros dias do ano. “E elas poderiam cair no litoral sul, na região dos lagos ou na serrana como acabou acontecendo”, disse. “A gente já via claramente a proporção das chuvas que cairiam nos dias que se seguiriam e eu alertei sobre esse risco”, completou.