Infecções em alta pressionam Reino Unido a ser próximo país com lockdown
França e Alemanha já adotaram restrições abrangentes à vida social para conter uma disparada de infecções por coronavírus
Estadão Conteúdo
Publicado em 29 de outubro de 2020 às 10h12.
Última atualização em 29 de outubro de 2020 às 11h06.
O Reino Unido resistia nesta quinta-feira à pressão para impor um segundo lockdown nacional depois que França e Alemanha adotaram restrições abrangentes à vida social para conter uma disparada de infecções por coronavírus que colocou os serviços de saúde no limite.
O governo do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, evitou até o momento um lockdown de âmbito nacional, preferindo um sistema escalonado de controles locais concebidos para endurecer as medidas em regiões afetadas e deixando outras menos limitadas.
Um novo estudo do Imperial College de Londres sublinhou a situação aflitiva enfrentada pelo Reino Unido, país com o maior número de mortes de coronavírus na Europa, mostrando que os casos da Inglaterra dobram a cada nove dias.
Steven Riley, o autor do estudo, disse que o governo deveria decidir rapidamente se quiser seguir o exemplo de França e Alemanha.
"E cedo é melhor do que tarde", disse Riley, professor de dinâmica de doenças infecciosas, à rede BBC.
Mas o ministro da Habitação, Robert Jenrick, disse que não acha inevitável o Reino Unido copiar França e Alemanha e impor restrições nacionais.
"O julgamento do governo hoje é que um lockdown nacional generalizado não é adequado, faria mais mal do que bem", disse ele à Rádio Times
As economias europeias mergulharam na recessão mais profunda já registrada devido aos lockdowns generalizados adotados no início da crise, em março e abril, e as restrições mais recentes apagaram os sinais tímidos de recuperação vistos durante o verão.
Os mercados financeiros se reergueram em parte nesta quinta-feira depois de uma liquidação brutal no dia anterior, devido a perspectiva de uma recessão de mergulho duplo.
Os governos estão desesperados para evitar uma repetição dos lockdowns da primavera, mas foram forçados a agir devido à velocidade das infecções novas e a uma taxa de mortalidade que cresce continuamente em todo o continente.
Os lockdowns francês e alemão estão mantendo as escolas e a maioria dos negócios abertos, mas limitam severamente a vida social ao fechar bares, restaurantes, cinemas e estabelecimentos semelhantes, assim como a movimentação de pessoas.
A chanceler alemã, Angela Merkel, alertou que "o inverno será duro".