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Indústria ganha guia de estratégias para reduzir emissões

Lançada pela CNI, em parceria com a embaixada britânica, publicação dá o passo-a-passo para as empresas se adequarem à economia verde

Para a CNI, a percepção do setor industrial sobre as mudanças climáticas deixa a desejar.  (Getty Images)

Para a CNI, a percepção do setor industrial sobre as mudanças climáticas deixa a desejar. (Getty Images)

Vanessa Barbosa

Vanessa Barbosa

Publicado em 25 de fevereiro de 2011 às 19h57.

São Paulo - Minimizar riscos e otimizar oportunidades que surgem com a transição para uma economia de baixo carbono. Essa é a proposta do guia lançado nesta sexta (25), em São Paulo, pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), em parceria com a embaixada britânica no Brasil. A publicação “Estratégias Corporativas de Baixo Carbono” reúne ferramentas para ajudar os empresários a incorporar a variável clima no desenvolvimento de suas estratégias de negócios.

Segundo o diretor executivo da CNI, José Augusto Fernandes, o grau de percepção do setor industrial em todo o mundo sobre as mudanças climáticas e a necessidade de agir para contorná-las deixa a desejar. "Quando pensamos nas pequenas e médias empresas, os resultados são menos expressivos ainda", disse. Com o guia, emendou, as corporações dispõem, agora, de um '"esboço para uma revolução industrial", à exemplo do que vem sendo feito de forma pertinente na Inglaterra e que inspirou a criação da publicação para a indústria brasileira.

"Há um acordo geral entre todos os setores britânicos de que a economia verde é o futuro", disse Alan Charlton, embaixador do Reino Unido no Brasil. Mas o caminho para a descarbonização, frizou, exige investimentos em inovação e novas tecnologias. "São os passos práticos que farão a diferença", afirmou. Segundo Charlton, o Brasil é um parceiro importante para as discussões climáticas no mundo. Além do guia, elaborado pela consultoria CFI International, a CNI pretende desenvolver cursos e workshops sobre a nova economia.

Riscos x oportunidades
Os benefícios associados à gestão de carbono dentro do planejamento estratégico da empresa vão desde a redução de custos de produção e de consumo energético - evitando desperdícios e otimizando sistemas - ao aumento da credibilidade da marca pela diferenciação de produtos, já que, cada vez mais, aumenta a demanda da sociedade por produtos de baixo impacto ambiental.

Entre outros ganhos, destacam-se o acesso a mercados financeiros globais que exigem o comprometimento com a redução de emissões e, não menos importante, a oportunidade para a empresa de se antecipar a marcos regulatórios futuros.


Em movimento contrário, quem não se adaptar também corre riscos, que incluem o aumento do preço das commodities ( como energia e matérias-primas), restrições a linhas de créditos, perda de mercados, entre outras. "Quanto mais cedo a organização agir, melhores serão as chances de diminuir os riscos e, consequentemente, as persas financeiras", destaca o guia.

Passo-a-passo para controlar as emissões
Para gerenciar, é preciso conhecer. De acordo com o guia, a primeira etapa para a indústrias reduzirem suas emissões passa pelo diagnóstico, que envolve a coleta de informações e investimento em processos de mensuração das emissões de gases de efeito estufa em todas as etapas da produção. As empresas que realizarem um inventário de emissões estarão seguindo uma tendência mundial e se adiantando em relação a legislações futuras.

Seguindo as diretrizes do programa brasileiro GHG Protocol, a Suzano Papel e Celulose, adotou em 2009 a iniciativa de calcular a pegada de carbono de seu produto em todo o ciclo de vida, tornando-se a primeira empresa do setor a conseguir a certificação da Carbon Trust, instituição britânica referência mundial na questão.

Os passos seguintes ao diagnóstico são a implementação de programas de redução a definição de metas, a divulgação de ações e o engajamento dos acionistas, clientes e fornecedores na política de adesão à economia de baixo carbono.
Um exemplo de adoção de projetos para diminuir as emissões , citado pelo guia, vem da líder da Braskem, líder do setor químico na América Latina, que desde 2006 realiza inventários.

Recentemente, a empresa inaugurou uma fábrica de ETBE, um aditivo para gasolina feito parcialmente de matéria-prima renovável, e investiu meio bilhão de reais na maior fábrica de polietileno verde, feito a partir do álcool. Juntas, as duas plantas deixam de emitir mais de 750 mil toneladas de CO2 anualmente - o equivalente ao plantio de um milhão de árvores no mesmo período.

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