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Índios bolivianos lançam nova ofensiva contra Evo Morales

Voltou o protesto para a anulação de uma lei que convoca para consultas os povos do Território Indígena e Parque Nacional Isiboro Sécure (TIPNIS) sobre a rodovia

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 10 de agosto de 2012 às 11h42.

La Paz - Indígenas da Amazônia boliviana exigem em La Paz a suspensão definitiva de um projeto viário que cruza seu território, em uma nova escalada dos protestos contra o presidente Evo Morales, que viajou à Argentina para assistir às cúpulas da Unasul e do Mercosul.

A marcha, que durante dois meses subiu das terras amazônicas até o frio andino de La Paz, voltou o protesto para a anulação de uma lei que convoca para consultas os povos do Território Indígena e Parque Nacional Isiboro Sécure (TIPNIS) sobre a rodovia.

Centenas de manifestantes que chegaram esta quarta-feira a La Paz rejeitam esta consulta que o governo quer realizar de julho a agosto e pedem a simples anulação do projeto viário em que Morales está empenhado.

"Pedimos a anulação da lei 222 porque viola a Constituição, viola as convenções internacionais e viola a Declaração de Direitos dos Povos Indígenas", proclamou Fernando Vargas, um dos líderes da mobilização.

Na réplica, o ministro do Interior, Carlos Romero, disse durante entrevista coletiva que "não há possibilidade de anular a consulta" porque está amparada na norma nacional e nas convenções internacionais, de forma que "não podemos não aplicar a Constituição".

Apesar do antagonismo, tanto Vargas quanto Romero manifestaram a intenção de negociar.

"Os líderes da marcha pediram o diálogo, mas nenhum funcionário do governo esteve presente à marcha", queixou-se Vargas. Romero respondeu que "o governo tem toda a disposição de instalar o diálogo de forma imediata".


Além disso, os manifestantes insistem em dialogar diretamente com Morales, que viajou nesta quinta-feira para a cidade argentina de Mendoza para participar das cúpulas do Mercosul e da Unasul, que debaterão possíveis sanções ao Paraguai, após a destituição de Fernando Lugo da Presidência.

O cientista político e professor universitário Carlos Cordero destaca que "a indiferença com que o governo de Evo Morales recebeu os manifestantes do TIPNIS corresponde a uma estratégia usada contra outros setores que consiste em jogar com o desgaste e o descrédito, enquanto espera que estes, já enfraquecidos, aceitem negociar".

Por enquanto, os indígenas suspenderam suas mobilizações "porque morreu um bebê (uma menina levada para a marcha pelos pais) e vamos nos dedicar a isso", disse Vargas. A menina, de 6 meses, aparentemente morreu de uma complicação broncopulmonar.

No entanto, são planejadas para os próximos dias diversas mobilizações pelo centro de La Paz, onde ficam as sedes dos poderes Executivo e Legislativo.

Morales insistiu repetidamente na construção desta polêmica estrada de 300 km cruzando o TIPNIS, região rica em flora e fauna, apesar da oposição de grupos indígenas que consideram que a via provocará graves danos ambientais e abrirá a possibilidade de novos cultivos de coca, insumo da cocaína.

No ano passado, os amazônicos fizeram uma marcha à La Paz contra a construção da estrada, financiada pelo BNDES, forçando Morales a vetá-la mediante uma lei, mas a situação, semanas depois, aprovou outra norma para fazer uma consulta indígena a fim de construir a rodovia.

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La Paz - Indígenas da Amazônia boliviana exigem em La Paz a suspensão definitiva de um projeto viário que cruza seu território, em uma nova escalada dos protestos contra o presidente Evo Morales, que viajou à Argentina para assistir às cúpulas da Unasul e do Mercosul.

A marcha, que durante dois meses subiu das terras amazônicas até o frio andino de La Paz, voltou o protesto para a anulação de uma lei que convoca para consultas os povos do Território Indígena e Parque Nacional Isiboro Sécure (TIPNIS) sobre a rodovia.

Centenas de manifestantes que chegaram esta quarta-feira a La Paz rejeitam esta consulta que o governo quer realizar de julho a agosto e pedem a simples anulação do projeto viário em que Morales está empenhado.

"Pedimos a anulação da lei 222 porque viola a Constituição, viola as convenções internacionais e viola a Declaração de Direitos dos Povos Indígenas", proclamou Fernando Vargas, um dos líderes da mobilização.

Na réplica, o ministro do Interior, Carlos Romero, disse durante entrevista coletiva que "não há possibilidade de anular a consulta" porque está amparada na norma nacional e nas convenções internacionais, de forma que "não podemos não aplicar a Constituição".

Apesar do antagonismo, tanto Vargas quanto Romero manifestaram a intenção de negociar.

"Os líderes da marcha pediram o diálogo, mas nenhum funcionário do governo esteve presente à marcha", queixou-se Vargas. Romero respondeu que "o governo tem toda a disposição de instalar o diálogo de forma imediata".


Além disso, os manifestantes insistem em dialogar diretamente com Morales, que viajou nesta quinta-feira para a cidade argentina de Mendoza para participar das cúpulas do Mercosul e da Unasul, que debaterão possíveis sanções ao Paraguai, após a destituição de Fernando Lugo da Presidência.

O cientista político e professor universitário Carlos Cordero destaca que "a indiferença com que o governo de Evo Morales recebeu os manifestantes do TIPNIS corresponde a uma estratégia usada contra outros setores que consiste em jogar com o desgaste e o descrédito, enquanto espera que estes, já enfraquecidos, aceitem negociar".

Por enquanto, os indígenas suspenderam suas mobilizações "porque morreu um bebê (uma menina levada para a marcha pelos pais) e vamos nos dedicar a isso", disse Vargas. A menina, de 6 meses, aparentemente morreu de uma complicação broncopulmonar.

No entanto, são planejadas para os próximos dias diversas mobilizações pelo centro de La Paz, onde ficam as sedes dos poderes Executivo e Legislativo.

Morales insistiu repetidamente na construção desta polêmica estrada de 300 km cruzando o TIPNIS, região rica em flora e fauna, apesar da oposição de grupos indígenas que consideram que a via provocará graves danos ambientais e abrirá a possibilidade de novos cultivos de coca, insumo da cocaína.

No ano passado, os amazônicos fizeram uma marcha à La Paz contra a construção da estrada, financiada pelo BNDES, forçando Morales a vetá-la mediante uma lei, mas a situação, semanas depois, aprovou outra norma para fazer uma consulta indígena a fim de construir a rodovia.

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