Índia: profissionais de saúde buscam melhores salários e equipamentos de proteção adequados (Adnan Abidi/Reuters)
Reuters
Publicado em 7 de agosto de 2020 às 10h01.
Última atualização em 7 de agosto de 2020 às 17h06.
A Índia, país mais atingido pela pandemia de coronavírus na Ásia, relatou nesta sexta-feira um salto diário recorde de infecções que levou o total além dos 2 milhões, com o governo sofrendo para conter a disseminação em meio a uma greve de profissionais de saúde.
Mais de 3,5 milhões de profissionais de saúde, na linha de frente dos esforços da Índia para detectar a Covid-19, entraram em uma greve de dois dias, a partir de sexta-feira, em busca de melhores salários e equipamentos de proteção adequados.
"Pelo menos 100 profissionais de saúde morreram de Covid-19 no país até agora, mas nenhum seguro lhes foi dado pelo governo", disse a secretária do Centro de Sindicatos, A. R. Sindhu, participante chave da greve em andamento.
Ativistas de Saúde Social Credenciados, ou ASHA’s, são os profissionais de saúde reconhecidos pelo governo e que geralmente são os primeiros pontos de contato em locais economicamente desfavorecidos, onde há acesso limitado ou indireto a instituições de saúde.
Eles têm conduzido checagens de porta a porta para rastrear pacientes de Covid-19.
Um total de 10 sindicatos representando os profissionais, que também incluem motoristas de ambulância e cozinheiros em centros comunitários, se juntaram à greve. A maioria deles trabalha sob contratos com os governos estaduais com um salário mensal de 3 mil rúpias indianas (40,02 dólares).
"Em alguns lugares, tivemos muita dificuldade para chegar às casas, especialmente nas regiões montanhosas... As casas ficam muito afastadas umas das outras e precisamos chegar a elas a pé", disse Nagalakshmi.D, uma líder sindical dos trabalhadores em Karnataka, Estado no sul do país, à Reuters.
"Quando chove, temos que cruzar os rios de barco e também usar cordas nas pontes", disse ela.
Com infecções se espalhando cada vez mais em pequenas cidades e áreas rurais, especialistas dizem que a epidemia na Índia deve estar a meses de atingir o pico, colocando mais pressão em um sistema de saúde já sobrecarregado na nação de 1,3 bilhão de pessoas.
A Índia é a terceira nação a superar a indesejável marca de 2 milhões de casos de Covid-19, atrás apenas de Estados Unidos e Brasil.
A Índia tem registrado uma média de aproximadamente 50 mil novos casos por dia desde meados de junho, mas especialistas dizem que sua taxa de testes, a 16.035 a cada milhão de pessoas, é muito baixa.
"Um país do tamanho e diversidade da Índia tem múltiplas epidemias em fases diferentes", disse Rajib Dasgupta, chefe do Centro de Medicina Social e Saúde Comunitária na Universidade Jawaharlal Nehru, em Nova Délhi.