Mundo

Imprensa da Austrália defende Assange e critica primeira-ministra

Em carta, empresas afirmam que não há provas de que os documentos vazados pelo site tenham colocado a segurança nacional em perigo

Julian Assange: imprensa australiana considera que WikiLeaks faz parte de seu setor (Dan Kitwood/Getty Images)

Julian Assange: imprensa australiana considera que WikiLeaks faz parte de seu setor (Dan Kitwood/Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 14 de dezembro de 2010 às 07h42.

Sydney - A imprensa da Austrália expressou nesta terça-feira apoio a seu compatriota e fundador do site "WikiLeaks", Julian Assange, e não poupou críticas à primeira-ministra do país, Julia Gillard, por considerar ilegal o conteúdo do portal.

Diretores, editores e redatores-chefes de diários e emissoras de rádio e televisão do país escreveram uma carta aberta a Gillard na qual assinalam que se oporão a qualquer iniciativa para levar à Justiça os responsáveis pelo vazamento dos documentos confidenciais.

Os profissionais da imprensa australiana asseguram na carta que o "WikiLeaks" pertence ao seu setor e disseram que o assédio a Assange é "preocupante".

Segundo eles, não há provas de que a divulgação dos telegramas diplomáticos tenha posto em perigo a segurança nacional ou algum indivíduo, nem que o fundador do portal tenha violado alguma lei na Austrália.

"Resistiremos a qualquer tentativa para ilegalizar a publicação destes ou de documentos similares. Uma ação assim teria impacto não só sobre o 'WikiLeaks', mas sobre qualquer meio no mundo que queira informar o público sobre as decisões que são tomadas em seu nome", acrescentam na carta.

"O 'WikiLeaks' cometeu erros, mas ofereceu aos cidadãos uma oportunidade para conhecer a postura de Washington sobre alguns dos assuntos de política externa mais complexos da nossa era".

É responsabilidade da imprensa divulgar esta informação "se cair em nossas mãos", ressalta o texto.

"Perseguir de maneira agressiva o fechamento do 'WikiLeaks', ameaçar processar aqueles que publicam este tipo de documentos e coagir as empresas que trabalham com eles é uma séria ameaça à democracia", lembraram os profissionais da imprensa a Gillard.

Os documentos que vazaram atingiram a Austrália, já que revelaram relatórios de diplomatas americanos que colocaram em dúvida a capacidade para governar do atual ministro de Relações Exteriores do país, Kevin Rudd.

Acompanhe tudo sobre:Julian AssangeMídiaPersonalidadesServiçosWikiLeaks

Mais de Mundo

Após ser atingido por ciclones e terremotos em um mês, Cuba recebe ajuda internacional

Bruxelas diz que negociação com Mercosul está progredindo, mas não dá prazo para conclusão

EUA criticam mandados de prisão da Corte de Haia contra Netanyahu e ex-ministro

Em autobiografia, Angela Merkel descreve Trump como alguém 'fascinado' por autocratas