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Impacto econômico dos ataques no Mar Vermelho permanece 'moderado', diz OMC

Segundo os rebeldes huthis, que controlam grandes áreas do Iêmen, os ataques aos navios no Mar Vermelho são realizados em solidariedade aos palestinos na Faixa de Gaza

Ralph Ossa é economista-chefe da Organização Mundial do Comércio (Moe Zoyari/Bloomberg/Getty Images)

Ralph Ossa é economista-chefe da Organização Mundial do Comércio (Moe Zoyari/Bloomberg/Getty Images)

AFP
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Agência de notícias

Publicado em 27 de fevereiro de 2024 às 16h36.

Os efeitos econômicos dos ataques a embarcações no Mar Vermelho permanecem "moderados", afirmou à AFP o economista-chefe da Organização Mundial do Comércio, Ralph Ossa, à margem da 13ª conferência ministerial da organização, em Abu Dhabi.

Segundo os rebeldes huthis, que controlam grandes áreas do Iêmen, os ataques aos navios no Mar Vermelho são realizados em solidariedade aos palestinos na Faixa de Gaza, onde Israel trava uma guerra contra o Hamas em resposta ao ataque sem precedentes deste grupo islamista palestino em 7 de outubro, em solo israelense.

Veja entrevista com Ralph Ossa

PERGUNTA: Até que ponto estes ataques preocupam a OMC?

RESPOSTA: "A crise no Mar Vermelho é uma questão que nos preocupa e estamos acompanhando a situação. Cerca de 12% do comércio mundial passa pelo Canal de Suez, bem como um terço das remessas de contêineres da China para a Europa. Neste momento, o impacto macroeconômico parece moderado, o que se explica pelo fato de a procura na Europa ser relativamente baixa e as capacidades de transporte marítimo serem suficientes. As taxas de frete aumentaram, mas estão longe de serem tão altas quanto no pico de 2021, durante a pandemia. A situação é globalmente difícil e estamos monitorando-a de perto, mas no momento os efeitos parecem moderados".

P: O que você quer dizer com capacidade suficiente de transporte marítimo?

R: "Às vezes pode haver falta de contêineres ou navios. No caso da crise do Mar Vermelho, muitos navios, em vez de passarem pelo Canal de Suez, são desviados para contornar o Cabo da Boa Esperança, o que prolonga a duração da viagem e requer um maior número de embarcações navegando ao mesmo tempo. No entanto, atualmente a capacidade de transporte marítimo é suficiente".

P: Qual é a sua análise de risco?

R: "O grande risco que vejo é que, de uma forma ou de outra, os preços aumentam e começam a repercutir nos mercados energéticos, o que poderá ter efeitos significativos nas perspectivas (econômicas) mundiais. Devemos nos perguntar: por que esta crise representa um risco para a economia mundial? É claro que continua sendo um risco para o comércio na Europa, uma vez que está altamente exposta ao tráfego que passa pelo Canal de Suez. Os Estados Unidos também estão, mas apenas em parte. Se nos perguntarmos qual poderia ser o pior cenário para a economia mundial, seria que a crise influencia os preços da energia, como o aumento do preço do petróleo, por exemplo. É algo que pode acontecer se a crise se agravar".

P: Para além da crise do Mar Vermelho, nas últimas semanas a diretora-geral da OMC manifestou em diversas ocasiões a sua preocupação em relação ao comércio internacional. A OMC normalmente publica suas estatísticas em abril, mas o que pode nos dizer agora?

R: "Em nossas últimas previsões publicadas em outubro, havíamos previsto que o volume do comércio mundial de mercadorias aumentaria 0,8% no ano passado — o valor final será claramente inferior — e depois 3,3% este ano. Estas projeções, sobretudo para 2023, parecem excessivamente otimistas. Isto está relacionado principalmente com o fato de a Europa ter um desempenho pior do que o esperado. Os Estados Unidos estão melhores e a Índia também. Mas a Europa representa uma parte desproporcional do comércio mundial, o que será refletido nos números do comércio. Mas devo dizer também que o comércio (global) de serviços está indo muito bem, com um crescimento anual de 9% em 2023 durante os primeiros três trimestres. Acima de tudo devido à demanda turística, especialmente da China".

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