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Igreja Ortodoxa pede clemência para Pussy Riot

Instituição pediu clemência para três integrantes da banda de rock Pussy Riot, desde que elas mostrem arrependimento por terem feito uma "oração punk"

Manifestante apoia a banda Pussy Riot em Bruxelas (François Lenoir/Reuters)

Manifestante apoia a banda Pussy Riot em Bruxelas (François Lenoir/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 30 de setembro de 2012 às 16h18.

Moscou - A Igreja Ortodoxa Russa pediu clemência para três integrantes da banda de rock Pussy Riot, desde que elas mostrem arrependimento por terem feito uma "oração punk" para o país se livrar do presidente Vladimir Putin. O pedido foi feito hoje, um dia antes de um tribunal de recursos se reunir para reexaminar a condenação das cantoras.

Não havia neste domingo informações sobre se as três integrantes da banda, que haviam sido condenadas a dois anos de prisão no mês passado, vão "mostrar arrependimento", nem indicações sobre se o tribunal reduzirá as penas. Putin sempre relutou em dar a impressão de que se curva a pressões da opinião pública e tem adotado uma linha cada vez mais dura contra dissidentes desde que assumiu seu terceiro mandato como presidente russo, em maio deste ano.

Em seu comunicado, a Igreja Ortodoxa reafirmou sua própria condenação às integrantes da Pussy Riot, dizendo que as ações da banda "não podem deixar de ser punidas". O texto ressalva que se as cantoras mostrarem "penitência e reconsideração de suas ações", isso "não deve passar despercebido".

No começo de setembro, o primeiro-ministro Dmitry Medvedev disse que manter as três integrantes da banda na prisão seria "contraproducente", o que encorajou, entre os ativistas que defendem a democracia e os direitos humanos, a esperança de que o tribunal de recursos colocaria as três cantoras em liberdade. Observadores mais céticos, porém, lembram que o próprio Putin disse, antes do julgamento, que as integrantes da banda não deveriam ser julgadas com muita severidade; isso gerou expectativas, que acabaram não sendo confirmadas, de que elas não seriam condenadas à prisão por "vandalismo provocado por ódio religioso".

Nadezhda Tolokonnikova, de 22 anos, Maria Alekhina, 24, e Yekaterina Samutsevich, 30, foram presas em março depois de um show na Catedral do Cristo Salvador, em Moscou, no qual pediram à Virem Maria que livrasse a Rússia de Vladimir Putin, que seria eleito duas semanas depois para um terceiro mandato como presidente do país. Durante o julgamento, em agosto, elas disseram que estavam protestando contra o apoio da Igreja Ortodoxa a Putin e que não queriam ofender os religiosos.

O julgamento atraiu a atenção internacional e tanto o governo Putin como a Igreja Ortodoxa querem deixar o assunto para trás, para não sofrerem mais danos à sua imagem. A prisão das integrantes da banda passou a simbolizar a intolerância do governo Putin com dissidentes e provocou críticas à Rússia, mobilizando celebridades e músicos como Paul McCartney e Madonna em apoio à Pussy Riot.


Nos últimos meses, ativistas de oposição têm sido presos, revistados e interrogados e o Parlamento russo aprovou uma série de leis draconianas, entre elas uma multiplicação de 150 vezes na multa prevista por participação em manifestações de protesto não autorizadas previamente; outra lei obriga organizações não governamentais que recebam recursos do exterior a registrar-se como "agentes estrangeiros".

Na semana passada, o Parlamento, dominado por partidos favoráveis a Putin, discutiu um projeto de lei que tornaria "ofender sentimentos religiosos" um crime punível com até cinco anos de prisão.

Ações como essa tornaram os amigos, familiares e advogados das integrantes da Pussy Riot mais pessimistas quanto à possibilidade de o tribunal de recursos reduzir as sentenças. A advogada Violetta Volkova disse na sexta-feira, depois de visitar a prisão onde as três cantoras estão sendo mantidas, que tem pouca esperança de uma decisão justa, num país em que os tribunais se curvam ao governo;

"Sempre há pelo menos um mínimo de esperança pelo bom senso, e de que o tribunal atue de acordo com a lei. Mas, tendo em vista a situação política na Rússia, não podemos contar com uma decisão puramente legal", afirmou a advogada.

Stanislav Samutsevich, pai de uma das cantoras presas, disse que também tem poucas esperanças. Para ele, o governo deverá usar o julgamento do pedido de recurso para "de alguma maneira justificar a sentença severa que foi imposta".

Olga Vinogradova, bibliotecária e amiga de infância de uma das integrantes da banda, Maria Alekhina, disse que enviou livros de filosofia para a amiga encarcerada e que tem recebido mensagens dela uma ou duas vezes por semana. Alekhina tem um filho de cinco anos de idade. "Uma coisa que ela escreveu em uma carta é que não poderia pagar um preço mais alto do que uma separação prolongada de sua criança. É o preço mais alto pela liberdade de dizer o que quer", disse Vinogradova. "Ela está assustada com o que está acontecendo agora, com essas novas leis. Acho que ela esperava mais do movimento de protestos", acrescentou. As informações são da Associated Press.

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