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Igreja Católica afirma que há presos políticos em Cuba

O Governo cubano nega a existência de presos políticos na ilha e considera como crimes comuns os cometidos por dissidentes e opositores


	Cuba: oposição estima cerca de 70 os presos políticos, mas a Anistia Internacional não reconhece a existência de presos de consciência
 (EXAME.com)

Cuba: oposição estima cerca de 70 os presos políticos, mas a Anistia Internacional não reconhece a existência de presos de consciência (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 24 de dezembro de 2015 às 07h25.

No sentido contrário do discurso oficial, a Igreja Católica afirma que em Cuba há presos políticos e constatou que vários deles sofrem longas condenações, declarou o bispo de Pinar del Río (extremo ocidental da ilha), Jorge Serpa.

"Nós temos casos de presos políticos, pessoas com longas condenações pelas quais tenho pedido - e não me cansarei de fazê-lo-, como igreja, uma revisão", declarou Serpa em uma entrevista publicada nesta quarta-feira na revista Palabra Nueva, publicação da Arquidiocese de Havana.

Serpa é responsável pela Comissão da Pastoral Penitenciária da Igreja Católica em Cuba.

O Governo cubano nega a existência de presos políticos na ilha e considera como crimes comuns os cometidos por dissidentes e opositores, sob os nomes de alteração da ordem pública, perigo social e desacato, entre outros.

A oposição estima cerca de 70 os presos políticos, mas a Anistia Internacional não reconhece a existência de presos de consciência.

Em uma longa entrevista na revista da Arquidiocese de Havana, liderada pelo cardeal Jaime Ortega, o monsenhor Serpa completou que há "pessoas cumprindo quarenta e sete, quarenta anos de prisão. No meu grupo há sete cor laranja, que são as prisões perpétuas, e alguns deles são políticos".

Nas prisões cubanas, cerca de 250 segundo o bispo, não há capelães nem capelas, mas há quase uma década os sacerdotes podem das assistência religiosa aos reclusos que eles ou sua família solicitem.

"Sabemos que há presos que cumprem sua condenação por insegurança social, que é como se diz agora para definir um problema ou uma situação que termina sendo política", prosseguiu.

Serpa esclareceu, contudo, que "fora" de Cuba "há uma efervescência (midiática) grande e confundem criminosos com presos políticos".

Cuba não publica dados sobre sua população carcerária e os meios oficiais, quando abordam o tema, referem-se em geral aos programas de reeducação existentes nas prisões. Segundo a Palabra Nueva, esta população penal está entre as 10 primeiras do mundo.

Serpa caracterizou as pessoas e os crimes que povoam as prisões.

Os presos cubanos oscilam "entre os trinta, quarenta anos. São mais homens que mulheres na prisão, claro. Infelizmente, há muitos delitos por suborno, desvio de dinheiro, e também por falsificação de documentos. Estes delitos cumprem pena de entre oito e doze anos de prisão", afirmou.

Serpa destacou que o serviço religioso não chega a todas as prisões por resistência de alguns funcionários e pela falta de sacerdotes.

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