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Ideia de um brasileiro traz mais luz a favelas de todo o mundo

Técnica transforma garrafas plásticas e água sanitária em lâmpadas ecológicas

A instalação de uma garrafa Pet no teto de zinco de uma casa, na favela de Manila, nas Filipinas (Jay Directo/AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 5 de dezembro de 2011 às 15h53.

Manila, Filipinas - Garrafas plásticas cheias de líquido misturadas com um pouco de água sanitária: penduradas no teto das casas, transformam-se em verdadeiras lâmpadas, com capacidade entre 40W a 60W. A ideia luminosa, do mecânico brasileiro Alfredo Moser, espalhou-se e está fazendo muito sucesso em favelas de Manila, Nova Délhi e em bairros pobres do interior do Brasil.

A garrafa se transforma em lâmpada econômica e ecológica, inundando de luz natural os casebres. A invenção foi adaptada por um empresário filipino, Illac Diaz, que se propôs a desenvolvê-la nos carentes de seu país.

"Basta uma garrafa PET de dois litros, com água limpa, duas tampinhas de água sanitária e um potinho de filme de máquina fotográfica para proteger do sol, para não estragar a tampa", ensina Alfredo Moser.

A água sanitária é para prevenir a formação de bactérias e garantir a pureza e a transparência do líguido.

A invenção virou atração no Parque Ecológico Chico Mendes, na Grande São Paulo, atiçando, também, a curiosidade da ciência. O engenheiro elétrico Clivenor de Araújo Filho mediu a intensidade de luz de cada garrafa, constatando que a luminosidade equivale a uma lâmpada de entre 40 e 60 watts.

É preciso furar o teto de zinco das pequenas casas para fixá-la - a manipulação não exige conhecimentos complexos, ao que se soma um preço módico financiado, no caso das Filipinas, pela Fundação MyShelter (meu refúgio) criada por Illac Diaz, através de donativos.

O "litro de luz" (Isang Litrong Liwanag), se funde, sob os princípios elementares da refração da luz: expostas ao sol, as garrafas produzem a intensidade luminosa equivalente a de um lâmpada de 50 watts.

"É uma revolução popular que utiliza uma tecnologia simples e muito barata", comenta Illac Diaz.

O sistema não permite, no entanto, privar-se das fontes de luz artificial, uma vez que só clareia de dia. Mas ajuda a reduzir drasticamente a fatura de energia elétrica.


O projeto foi executado, com êxito, em San Pedro, uma favela da capital filipina onde milhares de casebres construídos uns contra os outros são frequentemente mergulhados no escuro, mesmo de dia, uma vez que são muito comuns os blecautes, ou a falta de dinheiro para pagar a conta.

Monico Albao, 46 anis, instalou cinco garrafas no teto da pequena casa que ela compartilha com o marido, a filha de 22 anos e o neto de dois meses.

"Consegui dividir por dois minha conta de energia. O dinheiro que economizamos, agora, gastamos em alimentos ou em roupas para o bebê", explica.

O conceito também é ecológico, uma vez que cada garrafa permite economizar 17 quilos de CO2 por ano, afirma Diaz, convidado à reunião de cúpula de Durban (África do Sul) sobre o clima.

"Se você multiplicar essa cifra por um milhão, obtém o benefício, para o meio ambiente, de uma turbina eólica, mas o funcionamento desta é muito mais oneroso", comenta.

E destaca o sucesso de uma ideia que surgiu como um grão de poeira e se espalhou pela superfície do globo, graças a um videoclipe postado no YouTube e um marketing agressivo nos sites sociais.

"Não pensávamos que seria possível levar a ideia a uma tal escala", disse.

Mais de 15.000 garrafas foram instaladas até agora nas favelas da periferia de Manila, e 10.000 outras vão ser colocadas esta semana por um verdadeiro exército de voluntários.

Outras 100.000 devem ir para Cebu, a segunda cidade do país, agora em dezembro. A iniciativa já foi aprovada na Índia, na África do Sul, no Vietnã, Nepal, México, Colômbia e até na Ilha Vanuatu, no Pacífico.


O conceito vai ao encontro de um modelo pleiteado pelo ex-presidente americano Al Gore, que defende o recurso às energias limpas nos países em desenvolvimento, como as eólicas, e as obtidas através de painéis solares, observa Diaz. "Mas isso é muito caro e poucos se beneficiam realmente", afirma.

Há mais de dez anos, cientistas do Massachusetts Institute of Technology (MIT) (Estados Unidos) mostravam-se interessados por inovação, mas o trabalho de Diaz foi saudado pelas Nações Unidas, por ter permitido sua distribuição em massa.

Em um ano, ele pretende ajudar um milhão de pessoas em seu país, através da Fundação MyShelter; sem contar a técnica das instalações das garrafas - um novo ofício que vai de vento em popa em Manila.

Idéias simples como essas podem ajudar o planeta, mas precisam ser postas em prática com a urgência que a natureza impõe, comentam especialistas.

Em Uberaba, terra do mecânico inventor, Alfredo Moser, a imagem chega a ser curiosa: bicos de garrafas para fora dos telhados de todo um bairro.

Em 2002, em pleno apagão, Moser percebeu que poderia escapar disso, pendurando no telhado de casa garrafas plásticas cheias de água. A vizinhança tratou logo de instalar as lâmpadas de água em casa, até no banheiro.

E a conta de luz no final do mês foi a grande surpresa.

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Manila, Filipinas - Garrafas plásticas cheias de líquido misturadas com um pouco de água sanitária: penduradas no teto das casas, transformam-se em verdadeiras lâmpadas, com capacidade entre 40W a 60W. A ideia luminosa, do mecânico brasileiro Alfredo Moser, espalhou-se e está fazendo muito sucesso em favelas de Manila, Nova Délhi e em bairros pobres do interior do Brasil.

A garrafa se transforma em lâmpada econômica e ecológica, inundando de luz natural os casebres. A invenção foi adaptada por um empresário filipino, Illac Diaz, que se propôs a desenvolvê-la nos carentes de seu país.

"Basta uma garrafa PET de dois litros, com água limpa, duas tampinhas de água sanitária e um potinho de filme de máquina fotográfica para proteger do sol, para não estragar a tampa", ensina Alfredo Moser.

A água sanitária é para prevenir a formação de bactérias e garantir a pureza e a transparência do líguido.

A invenção virou atração no Parque Ecológico Chico Mendes, na Grande São Paulo, atiçando, também, a curiosidade da ciência. O engenheiro elétrico Clivenor de Araújo Filho mediu a intensidade de luz de cada garrafa, constatando que a luminosidade equivale a uma lâmpada de entre 40 e 60 watts.

É preciso furar o teto de zinco das pequenas casas para fixá-la - a manipulação não exige conhecimentos complexos, ao que se soma um preço módico financiado, no caso das Filipinas, pela Fundação MyShelter (meu refúgio) criada por Illac Diaz, através de donativos.

O "litro de luz" (Isang Litrong Liwanag), se funde, sob os princípios elementares da refração da luz: expostas ao sol, as garrafas produzem a intensidade luminosa equivalente a de um lâmpada de 50 watts.

"É uma revolução popular que utiliza uma tecnologia simples e muito barata", comenta Illac Diaz.

O sistema não permite, no entanto, privar-se das fontes de luz artificial, uma vez que só clareia de dia. Mas ajuda a reduzir drasticamente a fatura de energia elétrica.


O projeto foi executado, com êxito, em San Pedro, uma favela da capital filipina onde milhares de casebres construídos uns contra os outros são frequentemente mergulhados no escuro, mesmo de dia, uma vez que são muito comuns os blecautes, ou a falta de dinheiro para pagar a conta.

Monico Albao, 46 anis, instalou cinco garrafas no teto da pequena casa que ela compartilha com o marido, a filha de 22 anos e o neto de dois meses.

"Consegui dividir por dois minha conta de energia. O dinheiro que economizamos, agora, gastamos em alimentos ou em roupas para o bebê", explica.

O conceito também é ecológico, uma vez que cada garrafa permite economizar 17 quilos de CO2 por ano, afirma Diaz, convidado à reunião de cúpula de Durban (África do Sul) sobre o clima.

"Se você multiplicar essa cifra por um milhão, obtém o benefício, para o meio ambiente, de uma turbina eólica, mas o funcionamento desta é muito mais oneroso", comenta.

E destaca o sucesso de uma ideia que surgiu como um grão de poeira e se espalhou pela superfície do globo, graças a um videoclipe postado no YouTube e um marketing agressivo nos sites sociais.

"Não pensávamos que seria possível levar a ideia a uma tal escala", disse.

Mais de 15.000 garrafas foram instaladas até agora nas favelas da periferia de Manila, e 10.000 outras vão ser colocadas esta semana por um verdadeiro exército de voluntários.

Outras 100.000 devem ir para Cebu, a segunda cidade do país, agora em dezembro. A iniciativa já foi aprovada na Índia, na África do Sul, no Vietnã, Nepal, México, Colômbia e até na Ilha Vanuatu, no Pacífico.


O conceito vai ao encontro de um modelo pleiteado pelo ex-presidente americano Al Gore, que defende o recurso às energias limpas nos países em desenvolvimento, como as eólicas, e as obtidas através de painéis solares, observa Diaz. "Mas isso é muito caro e poucos se beneficiam realmente", afirma.

Há mais de dez anos, cientistas do Massachusetts Institute of Technology (MIT) (Estados Unidos) mostravam-se interessados por inovação, mas o trabalho de Diaz foi saudado pelas Nações Unidas, por ter permitido sua distribuição em massa.

Em um ano, ele pretende ajudar um milhão de pessoas em seu país, através da Fundação MyShelter; sem contar a técnica das instalações das garrafas - um novo ofício que vai de vento em popa em Manila.

Idéias simples como essas podem ajudar o planeta, mas precisam ser postas em prática com a urgência que a natureza impõe, comentam especialistas.

Em Uberaba, terra do mecânico inventor, Alfredo Moser, a imagem chega a ser curiosa: bicos de garrafas para fora dos telhados de todo um bairro.

Em 2002, em pleno apagão, Moser percebeu que poderia escapar disso, pendurando no telhado de casa garrafas plásticas cheias de água. A vizinhança tratou logo de instalar as lâmpadas de água em casa, até no banheiro.

E a conta de luz no final do mês foi a grande surpresa.

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