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Hong Kong processará organizadores de ato pró-democracia em 2014

A decisão, que já provocou revolta entre manifestantes que buscam a democracia, agravou a tensão política na cidade controlada pela China

Hong Kong: não ficou claro de imediato por que as autoridades esperaram tanto para apresentar as acusações (Chris McGrath/Getty Images)

Hong Kong: não ficou claro de imediato por que as autoridades esperaram tanto para apresentar as acusações (Chris McGrath/Getty Images)

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Reuters

Publicado em 27 de março de 2017 às 09h41.

Hong Kong - A polícia de Hong Kong alertou nesta segunda-feira ao menos nove organizadores das manifestações pró-democracia de 2014 que eles serão alvos de processos, disseram os manifestantes, em um sinal ameaçador um dia depois de uma nova líder apoiada por Pequim ser escolhida prometendo unir a sociedade.

O aviso da polícia, que já provocou revolta entre manifestantes que buscam a democracia, agravou a tensão política na cidade controlada pela China, e um protesto deve ser realizado na noite desta segunda-feira diante da sede da polícia no bairro de Wanchai, que abriga vários tribunais.

A ex-secretária-chefe Carrie Lam foi escolhida por um comitê de 1.200 pessoas para comandar a cidade, e em seu discurso de vitória se comprometeu a sanar as divisões políticas que vêm dificultando a criação de políticas e a atividade legislativa.

Mas a ocasião dos telefonemas de aviso da polícia, quase dois anos e meio depois de as manifestações paralisarem partes de Hong Kong durante meses, não deve ajudar a fechar as feridas.

O professor de sociologia Chan Kin-man, um dos principais líderes dos protestos, disse que a polícia lhe disse que ele será acusado de três crimes, incluindo participar e incitar outros a participar de "transtorno públicos".

"Já estou mentalmente preparado para isso, mas estou muito preocupado com o futuro de Hong Kong", disse Chan à Reuters.

Não ficou claro de imediato por que as autoridades esperaram tanto para apresentar as acusações. A polícia não respondeu de imediato a um pedido de comentário da Reuters.

Indagada por repórteres sobre o momento da comunicação, Lam disse que não poderia intervir com processos levados a cabo pela gestão do atual líder, Leung Chun-ying.

"Deixei muito claro que quero unir a sociedade e acabar com o abismo que vem nos causando preocupação, mas todas estas ações não deveriam comprometer o Estado de Direito em Hong Kong e também o processo independente que acabei de mencionar", disse Lam, que assume no dia 1o de julho.

Chan, porém, questionou suas colocações.

"A mensagem é forte. Carrie Lam disse que quer restaurar a sociedade, mas a mensagem que recebemos hoje é processo. Não vejo como as fraturas da sociedade possam ser restauradas", disse Chan à Reuters.

Hong Kong foi devolvida pelo Reino Unido ao controle chinês em 1997 com a promessa de um nível maior de autonomia e outras liberdades não desfrutadas no continente, mas os líderes do Partido Comunista de Pequim jamais esconderam seu repúdio pelos protestos, que consideram ilegais.

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